Fila no CRAS de Rocha Miranda, na Zona Norte do Rio, para cadastramento e atualização de dados no CadÚnico
Fabiano Rocha/Agência O Globo
Fila no CRAS de Rocha Miranda, na Zona Norte do Rio, para cadastramento e atualização de dados no CadÚnico

O modelo do Auxílio Brasil, previsto na PEC Eleitoral para ter o valor aumentado de R$ 400 para R$ 600, é criticado por especialistas pelo desenho do benefício para tirar as pessoas da pobreza. Para analistas, o programa é socialmente injusto.

As principais críticas são ao fato de o governo não ter ajustado o benefício para o tamanho das famílias que receberiam o auxílio e o caráter temporário do dinheiro distribuído, somente até dezembro deste ano.

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Marcelo Neri, economista e diretor da FGV Social, afirma que o aumento de R$ 400 para R$ 600 do benefício não considera nem o tamanho, nem o grau de pobreza da família beneficiada.

"O programa deveria suavizar e não exacerbar flutuações. No caso atual de R$ 600 até o fim de 2022, mistura-se com o ciclo eleitoral, com um componente ético questionável que vai ser potencializado pelo crédito consignado anunciado agora para os beneficiários do Auxilio Brasil e do BPC (Benefício de Prestação Continuada para idosos e pessoas com deficiências de baixa renda)", afirmou, lembrando medida provisória sobre o tema aprovada na sexta (8) no Congresso. 

Especialistas em políticas sociais também lembram que hoje já há muitos excluídos dos cadastros do governo para acesso aos programas sociais. Eles estão na “fila da fila” e que, se não conseguirem se cadastrar, seguirão sem receber o benefício.

"As pessoas estão tentando se cadastrar e não conseguem, porque as prefeituras não estão dando conta de tanta procura. Já as pessoas que se cadastraram continuam na fila sem saber se vão receber, mesmo dentro dos critérios", relata Paola Carvalho, diretora de Relações Institucionais da Rede Brasileira de Renda Básica. 

Pesquisador do FGV-Ibre, o economista Daniel Duque afirma que há um acerto e dois erros no programa. O lado positivo foi a expansão de R$ 400 para R$ 600 da transferência. O primeiro erro é que o auxílio é de caráter temporário e à revelia das regras fiscais vigentes. O segundo é que o aumento é generalizado, ao contrário do desenho anterior do Bolsa Família:

"O Auxílio Brasil, tal como hoje está desenhado, faz o aumento de orçamento das transferências reduzir cada vez menos a desigualdade. Manter o desenho do Bolsa Família e aumentar os valores teria sido muito mais eficiente."

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