A aproximação do prazo final para a adesão aos acordos firmados no Supremo Tribunal Federal (STF) para compensação de poupadores por perdas causadas pelos planos Collor, Bresser e Verão , que termina em dezembro, está aumentando o apetite de criminosos por golpes.
De posse do número do processo e de informações como valor de indenização, criminosos ligam para poupadores — apresentando-se como representantes da Justiça ou de entidades que lideraram os processos — e pedem depósitos para a liberação imediata dos valores a receber.
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Edson Freitas, coordenador executivo da Frente Brasileiras de Poupadores (Febrapo), diz já ter recebido dezenas de denúncias:
"É um golpe bem orquestrado. Trata-se de um processo longo, cujo beneficiário em sua maioria é idoso, hipervulnerável. Há caso de quem perdeu R$ 8 mil."
O gerente de negócios Luiz Ascânio Coelho, de 60 anos, foi assediado por golpistas:
" Eles tinham todas as informações, inclusive o valor total da indenização da ação coletiva que é de R$ 286 mil. Disseram que se eu depositasse R$ 3.450,25 até meio-dia, o dinheiro seria liberado no mesmo dia. Mas sei que não é assim que funciona e a parte que me cabe é de cerca de R$ 2,4 mil. Deixei falarem, no fim disse que sabia que era golpe e desligaram. E avisei à Febrapo."
Dados sensíveis
Na avaliação de Jéssica Frata, sócia da área de Litígio do escritório PDK Advogados, embora o processo seja público alguns dados sensíveis, como o telefone dos poupadores, não estão disponíveis.
Para ela, fraudadores obtiveram informações das vítimas em vazamentos de outras bases de dados, cruzaram tudo e começaram a tentar aplicar golpe, aproveitando-se da idade avançada dos poupadores e da demora no pagamento.
A advogada Juliana Sá de Miranda, sócia da área Penal do escritório Machado Meyer, lembra que a Justiça não faz qualquer contato telefônico com as partes de um processo para cobrar custas judiciais. Ela diz que se for contatado, o poupador deve entrar em contato com o advogado e não efetuar depósitos.
A orientação é também fazer um boletim de ocorrência e avisar à Febrapo. Segundo Freitas, até dezembro R$ 2,9 bilhões de indenizações devem ser pagas, contabilizado os pagamentos desde a assinatura do acordo em 2018.