Sob protestos, Guedes e Bolsonaro oficializam venda da Eletrobras

Evento marcou a primeira grande privatização do governo Bolsonaro após dois anos de tentativas; manifestantes foram à sede da B3 para criticar ações do governo

Foto: Gustavo Raniere/ME 14.06.2022
Guedes, Bolsonaro e Sachsida participaram do evento que marcou capitalização da Eletrobras

O governo federal oficializou nesta terça-feira (14), em evento na Bolsa de Valores de São Paulo, a oferta de ações da Eletrobras. O evento marca a primeira grande privatização da União no governo Jair Bolsonaro (PL).

Além de Bolsonaro, participaram do encontro os ministros de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, e da Economia, Paulo Guedes. Para Guedes, a venda da estatal acontece em um momento que a União não tinha mais aporte para fazer investimentos.

"A empresa é como um filho que saiu de casa, não precisa mais de proteção do estado. Tinha esgotado a capacidade de investimento, estava perdendo fôlego. Ela precisa investir R$ 16 bilhões ao ano só para garantir sua fatia de mercado, mas não conseguia investir mais do que R$ 3 bilhões", disse Guedes.

O ministro ressaltou os mais de R$ 70 bilhões que a União deverá arrecadar e os investimentos que podem ser feitos com a privatização da Eletrobras. Guedes ainda elogiou governos militares ao dizer que "fizeram uma extraordinária gestão do ponto de vista de infraestrutura" e acusou governos anteriores de perderem esse legado.

Enquanto Guedes foi mais profundo em seu discurso, Sachsida resumiu a importância da privatização para o bolso do brasileiro. Segundo o chefe de Minas e Energia, a conta de luz deverá ficar mais barata com a capitalização da empresa energética.

A privatização da Eletrobras foi chancelada pelo governo no começo deste mês, após aprovação do Tribunal de Contas da União (TCU). O governo tentava concretizar a venda da estatal desde 2020.

No começo do mês, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) definiu o valor de R$ 42 por ação da Eletrobras. Até o momento, o governo arrecadou R$ 29 bilhões com a operação e acredita que o valor total possa atingir R$ 33 bilhões.

Nesta terça-feira, as ações da Eletrobras fecharam em alta de 2,44% a R$ 40,34 por ação. O índice recupera o valor total perdido na última semana.

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Manifestação

Enquanto ministros, investidores e o presidente da República selaram a primeira grande privatização do governo, manifestantes se concentraram em frente a sede da B3 para criticar o governo federal e o valor da conta de luz. Alguns levantaram cartazes com dizeres "Fora Bolsonaro", "Fora Guedes" e "o preço da luz é um roubo".

A concentração contou com a participação de petroleiros, sindicalistas, atingidos por barragens e trabalhadores sem teto. Bolsonaro e Guedes não se pronunciaram sobre os protestos.

Próximos passos

Embora as ações da Eletrobras já estejam disponíveis no mercado financeiro, ainda não é possível definir quem é o maior investidor, além da necessidade de aprovação em assembleias de cada empresa.

"Temos ainda que esperar a aprovação nas assembleias de cada uma das empresas [Chesf, Eletronorte e Furnas] para fazer as assinaturas dos contratos. A Aneel já pode fazer a convocação. A partir de então, tem até 15 dias para fazer a assinatura. A partir dessa assinatura, todos os documentos que foram aprovados já passam a ter vigência", afirmou Rodrigo Limp, CEO da Eletrobras.

O governo espera que o dinheiro dos investidores caia na Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) nas próximas semanas. A previsão é que a conclusão acontece em até 30 dias.