Eletrobras: entenda os próximos passos da privatização

Com liquidação da operação nesta sexta, novas ações deverão estrear na Bolsa na segunda-feira

Foto: Ivonete Dainese
Eletrobras

A privatização da Eletrobras é a maior desde a venda da Telebras, ocorrida em julho de 1998, considerando os valores que entram imediatamente para os caixas do governo. Além disso, é a maior operação de privatização já realizada na Bolsa brasileira.

Marco do governo de Fernando Henrique Cardoso, o desmembramento e privatização da Eletrobras viabilizou o mercado competitivo de telefonia no país. A venda das estatais de telecomunicações desencadeou uma série de investimentos na área, algo que o governo espera que aconteça agora com o setor elétrico.

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A própria Eletrobras saiu dos leilões do setor elétrico nos últimos anos, por falta de recursos, enfraquecendo o crescimento da geração e da transmissão de energia elétrica do Brasil. Analistas esperam que, sob comando privado, a empresa recupere capacidade de investimento.

A privatização do Sistema Telebrás ocorreu no dia 29 de julho de 1998 através de 12 leilões consecutivos na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. No caso da Eletrobras, a empresa foi transformada em uma corporação sem controlador definido. Não foi comprada por um grupo de investidores, por exemplo.

O governo arrecadou cerca de R$ 95 bilhões com a venda da Telebras, em números atualizados pela inflação. A privatização da Eletrobras vai levantar, no total, R$ 67 bilhões. Esses recursos irão para o Tesouro Nacional, para tentar aliviar as contas de luz e recuperar bacias hidrográficas.

Com o processo de bookbuilding (coleta de intenções de investimento para formar o preço e distribuição das ações entre os investidores habilitados) encerrado, cada nova ação emitida ficou em R$ 42, de acordo com fontes ligadas à operação.

O processo de privatização escolhido pelo governo foi uma capitalização por meio de novas ações emitidas na Bolsa de São Paulo, a B3. Como o governo não comprou novas ações, o resultado final será a diluição da sua participação para que a empresa perca a condição de estatal, sob controle do governo, e passe a ter a maior parte dos sócios entre investidores privados.

O governo ainda permanecerá com cerca de 35% das ações da Eletrobras e poderá vendê-las no futuro. Essa operação, cujo modelo é parecido com o escolhido pela Petrobras para privatizar a BR Distribuidora, foi a maior desde a megacapitalização da Petrobras, em 2010 (quando a empresa se preparou para explorar o pré-sal).

Cotistas do FGTS entre os sócios

A liquidação da operação deve ser feita nesta sexta-feira e as novas ações vão estrear na Bolsa na segunda-feira (13), tornando milhares de investidores sócios da Eletrobras. Muitos deles serão cotistas do FGTS, que puderam destinar até 50% do seu saldo para a operação, e houve uma alta demanda.
A reorganização societária também deve provocar uma reformulação da cúpula da empresa, com renovação do conselho de administração e possível troca da diretoria executiva.