Privatização deve ser maior operação da Bolsa em 2022
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Privatização deve ser maior operação da Bolsa em 2022

A Eletrobras já tem demanda mais que suficiente para viabilizar sua privatização. Investidores reservaram cerca de R$ 55 bilhões para a capitalização da empresa. A cifra supera os valores previstos pelo governo para a venda de ações, segundo fontes do mercado a par da operação. Os números finais ainda estão sendo fechados, já que o período de reserva se encerrou na quarta-feira (8). O preço da ação será definido nesta quinta (9).

Foram oferecidos ao mercado cerca de R$ 35 bilhões em ações, considerando uma oferta primária de 627,6 milhões de papéis e mais um lote adicional de 104,6 milhões de ações. Diante do apetite dos investidores, a maior empresa de energia da América Latina se tornará uma companhia privada, sem controlador definido, em um movimento que representa uma vitória para o presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Negociação na segunda

Haverá rateio entre as diversas categorias de interessados, como aplicações com FGTS, grandes investidores e varejo. Como se trata de uma privatização, os parâmetros da oferta preveem valor mínimo de ação, por exigência do Tribunal de Contas da União (TCU), e valor-alvo fixado pelo BNDES. 

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O apetite dos investidores não se restringiu aos grandes fundos de investimento. A reserva de ações com recursos do FGTS por meio dos fundos mútuos de privatização ficou próxima de R$ 9 bilhões. O volume supera o teto previsto para a categoria, que era de R$ 6 bilhões. Em razão disso, eles também terão rateio (veja como deve funcionar a divisão, no box ao lado).

A oferta prioritária, feita aos atuais acionistas e ao varejo, gira em torno de R$ 8 bilhões. 

As ações começarão a ser negociadas na B3 na próxima segunda-feira, quando os investidores pagarem os valores referentes à reserva. As ADRs (recibos de ações) na Bolsa de Nova York iniciam sua negociação na sexta-feira (10).

Segundo fontes que acompanham a operação, o Fundo Soberano de Cingapura (GIC) atuou como investidor-âncora (aquele que garante que a operação saia e sinaliza antes mesmo do prazo de reserva quanto pretende investir). O fundo de pensão canadense CPPIB também atuou como âncora, segundo o mercado.

Já Itaú e 3G Radar, que têm posições relevantes de Eletrobras em seus portfólios, fizeram reservas. Há ainda o interesse de gestoras como SPX, Squadra e Truxt. 

A oferta de ações não é acompanhada pela União. Com isso, a participação da União na empresa será reduzida para cerca de 33%, considerando a venda de todos os papéis. Se a capitalização fosse maior que R$ 35 bilhões, a fatia do governo ficaria abaixo do patamar que se busca alcançar.

Ao longo dos próximos meses, a União poderá vender parte das ações que lhe resta, aumentando sua arrecadação. 

O governo pretende usar os recursos para custear o pacote de subsídio ao preço dos combustíveis. Mas, do total que será levantado, a parcela destinada aos cofres do Tesouro soma R$ 25,3 bilhões, um valor que não cobre integralmente os custos do subsídio ao diesel.

Segunda maior operação

A partir de recursos originados na privatização, serão destinados R$ 32 bilhões para aliviar as contas de luz a partir deste ano por meio da Conta de Desenvolvimento Energético (CDE), um fundo setorial. Do total, só R$ 5 bilhões serão pagos este ano e representam uma aposta do governo para baratear a conta de luz. 

Com base no interesse dos investidores, a oferta da Eletrobras deve ser a segunda maior realizada no mundo este ano, atrás apenas do lançamento de ações da LG Energy Solution, da Coreia do Sul.

"Embora a operação da Eletrobras não seja um IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês), mas uma capitalização, deverá ser a principal do ano com ações por seu volume. O que está acontecendo é uma troca de sócios e não uma abertura de capital", afirma Rodrigo Marcatti, economista e CEO da Veedha Investimentos.

Mercatti observa que os juros altos, de 12,75% ao ano, enxugaram os recursos do mercado. Neste ano não houve abertura de capital na Bolsa. As operações de follow on (lançamento secundário) somaram dez e movimentaram R$ 13,1 bilhões. As ações ordinárias da Eletrobras fecharam em alta, cotadas a R$ 42,14, aumento de 0,81%.

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