A redução de impostos sobre gasolina e diesel, ainda que temporária como propõe o governo federal, pode levar a uma redução no uso do etanol, combustível importante para o processo de redução das emissões de carbono no país. A avaliação é de Marcio de Lima Leite, presidente da Anfavea, a associação que representa as montadoras do país.
Segundo ele, o etanol tem ICMS até 50% menor do que os demais combustíveis em alguns estados. Com a redução de impostos federais (PIS/Cofins e Cide) e a expectativa de que o Congresso limite o ICMS dos combustíveis a 17%, o preço da gasolina e do diesel nas bombas deve cair.
Entre no canal do Brasil Econômico no Telegram e fique por dentro de todas as notícias do dia. Siga também o perfil geral do Portal iG
"O etanol e os biocombustíveis têm tributação distinta dos combustíveis fósseis. Em alguns estados o ICMS é até 50% menor. E a redução do imposto não será proporcional para o etanol, o que pode elevar a um desequilíbrio no uso desse combustível, que é fundamental para o processo de descarbonização do país. A utilização do etanol tem que ser preservada para que não ocorra migração para outros combustíveis", disse Lima leite.
Ele observa que uma redução de impostos é importante para a retomada da economia e para o setor automobilístico, além de ajudar a conter a inflação. Mas é importante observar também que existe essa diferença de impostos entre combustíveis fósseis e biocombustíveis, afirma Lima Leite.
Durante apresentação dos números de produção e vendas de veículos em maio, o presidente da Anfavea destacou que além da falta de semicondutores, o setor tem enfrentado também problemas com outros insumos.
Segundo ele, estão faltando itens como borracha (que tinha importação expressiva da Ásia antes dos problemas da cadeia de logística e o Brasil não é autossuficiente na produção), além de cabos, resinas, tintas e solventes.
Esse problema, aliado à guerra na Ucrânia e fechamento de portos na China fez com que a indústria brasileira deixasse de produzir 150 mil veículos nos primeiros cinco meses do ano. Entre maio e junho, deste ano, foram produzidos 888 mil veículos. No mesmo período do ano passado, a produção chegou a 982 mil unidades, uma queda de 9,5%.
Ainda assim, em maio, a produção de veículos subiu 10,7% em relação a abril, chegando a 205,9 mil unidades frente aos 186 mil fabricados em abril.
De acordo com a Anfavea, foram constatadas 16 paralisações de fábricas nacionais, este ano, uma média de 20 dias parados para cada unidade.
"Por isso, um novo olhar sobre a indústria local para evitar novas crises de abastecimento de insumos é fundamental. Isso requer sendo de urgência", disse o presidente da Anfavea.