A Eletrobras já possui demanda necessária para vender suas ações na oferta que marcará sua privatização, de acordo com diversas fontes do setor. As ordens feitas por grandes investidores já superam R$ 40 bilhões, valor que praticamente garante o sucesso da capitalização (em torno de R$ 35 bilhões)
Essa demanda será ainda abastecida com recursos do FGTS, que também é alta, de acordo com gestores de fundos.
A oferta foi lançada na semana passada e, desde então, a administração da companhia e os bancos estão em ritmo acelerado de reuniões com investidores para definir o preço da ação, que será anunciado na próxima quinta-feira (9). O valor da ação depende justamente do apetite dos investidores.
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Por se tratar de uma privatização, o Tribunal de Contas da União (TCU) exige que haja um preço mínimo para a venda das ações. Mas esse valor é mantido sob sigilo. Isso quer dizer que a oferta só acontecerá se os investidores aceitarem pagar um preço acima do que foi estabelecido como piso. Há demanda para isso, de acordo com fontes do mercado.
O patamar de ordens atingido até agora seria compatível com um preço de cerca de R$ 40 por ação. Os papéis estão cotados girando próximo a R$ 42.
A privatização da Eletrobras se dá por meio de uma capitalização na Bolsa de Valores. É feita uma oferta de ações que não foi acompanhada pela União. Com isso, a participação da União na empresa é reduzida para cerca de 33%, de acordo com o prospecto da oferta. Dessa forma, o governo perde o controle da maior elétrica da América Latina, que passa a ser uma corporação sem dono definido.
A oferta da Eletrobras tem atraído forte apetite de fundos locais e internacionais, o que deve viabilizar a operação. Essa lista inclui fundos como o Canada Pension Plan Investment Board, Itausa e GIC (ligado ao governo da Cingapura). Chama atenção, porém, o pouco interesse de gestores de ativos de geração nessa lista.
Os chamados investidores-âncora, fundos que se comprometem com a compra de grandes fatias da oferta, podem colocar entre R$ 10 bilhões e R$ 14 bilhões, dependendo de demanda e preço. Essa ancoragem dá segurança à Eletrobras de que haverá um patamar mínimo de preço.
A privatização da Eletrobras é a maior desde a venda da Telebras, ocorrida em julho de 1998. Além disso, é a maior capitalização na Bolsa brasileira desde a megacapitalização da Petrobras em 2010 (que sustentou os investidores da empresa no pré-sal).
A Eletrobras deve usar os recursos obtidos com a capitalização para pagar R$ 25 bilhões ao Tesouro Nacional pela renovação de contratos de hidrelétricas e também R$ 5 bilhões para as contas de luz.
Os coordenadores da oferta são BTG Pactual (líder), Bank of America (BofA), Goldman Sachs, Itaú BBA, XP, Bradesco BBI, Caixa, Citi, Credit Suisse, JPMorgan, Morgan Stanley e Safra.
Na precificação, os investidores estão considerando ainda um deságio relativo ao aporte de R$ 1,5 bilhões da subsidiária Furnas na hidrelétrica de Santo Antônio (RO) e dos riscos com relação à indenização às transmissoras, em discussão na Aneel e parte importante da receita das empresas Eletrobras.