O caso da foto de uma equipe de agentes de investimentos da XP apenas com profissionais brancos, que foi publicada em agosto do ano passado e viralizou nas redes sociais levantando questionamentos sobre a falta de representatividade na empresa, teve um desfecho. A foto chamou a atenção pela falta de negros e também pela presença reduzida de mulheres, dois grupos subrepresentados no mercado financeiro, apesar do avanço de programas de diversidade em muitas empresas.
Entre no canal do Brasil Econômico no Telegram e fique por dentro de todas as notícias do dia. Siga também o perfil geral do Portal iG
Uma ação civil pública movida pela ONG Educafro, que atua em favor da inclusão educacional e profissional de jovens negros, contra a corretora e o escritório Ável Investimentos, credenciado à XP e responsável pela reunião da foto, foi encerrada por meio de um acordo. Com isso, não haverá o pagamento de danos morais coletivos pedidos pela ONG.
A Educafro reconheceu ações adotadas pela XP desde então em prol da diversidade na empresa, bem como as boas práticas de ESG (sigla em inglês para iniciativas ambientais, sociais e de governança) demonstradas pela corretora fundada por Guilherme Benchimol.
Já a Ável se comprometeu a concluir o plano de letramento em Diversidade e Inclusão que implementa, por meio de uma consultoria especializada, já contratada.
Desse modo, a Educafro considerou que o plano de diversidade apresentado pelo escritório de agentes autônomos é suficiente para tornar o quadro de colaboradores mais diverso.
Como parte do acordo, a Ável terá que criar processos seletivos com vagas exclusivas para populações vulnerabilizadas, notadamente negros e mulheres, e também promover a educação profissional para essas populações, visando sua capacitação e inserção no mercado de trabalho.
XP quer aumentar presença de negros de 20% para 32% dos funcionários
Nos últimos anos, a XP assumiu compromissos públicos para aumentar a diversidade na organização. As mulheres representam 34% do total de membros, o que equivale a um avanço de 12 pontos percentuais em apenas dois anos. Há o compromisso de atingir equidade de gênero até 2025.
Dentre os colaboradores, 20% se declaram como negros. Em 2020 eram 17%.
O objetivo é chegar a pelo menos 32% de pessoas negras nos próximos três anos.Além de ter um Comitê de Diversidade e grupos de afinidade para fomentar os debates sobre o tema, a empresa terá que disponibilizar um canal confidencial para denúncias sobre comportamentos ofensivos de assédio ou discriminatórios, gerido de forma independente.
“Os autores reconhecem, de forma expressa, que a XP Investimentos elabora estratégia e desenvolve ações de curto, médio e longo prazo para a promoção da equidade e inclusão quanto à raça, gênero e orientação sexual, idade e de pessoas com deficiência no âmbito de seu ambiente de trabalho e de seu ecossistema de negócio, implementando e promovendo as melhores práticas de recrutamento, capacitação e treinamento e realizando seu adequado monitoramento, com foco na superação progressiva das metas estabelecidas, reconhecendo a efetividade das iniciativas apontadas (nos autos do processo)”, diz um trecho do acordo.