As mais de quatro horas de sessão no plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) para avaliar o processo de privatização da Eletrobras reservaram espaço para que os ministros defendessem suas posições com discursos longos, cheios de termos técnicos, mas também com metáforas e expressões regionais.
Um dos momentos mais marcantes da sessão que aprovou o processo foi quando o ministro Vital do Rêgo, único a se posicionar contrariamente, criticou a decisão dos seus pares e comparou a Eletrobras a uma "égua prenha". Segundo ele, é uma expressão muito conhecida na Paraíba, onde o ministro nasceu.
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"Comprar uma égua prenha é um bom negócio, comprar uma égua prenha é um negócio de sorte. O sujeito compra um animal e na verdade está levando dois pelo preço de um. É o que vemos aqui na potencialização, fazendo, distensionando essa sessão com os senhores. Os homens do mercado estão em festa hoje, estão com uma égua prenha, tem tantos filhotes que nem se imagina, mas essa égua prenha carrega dúvidas àqueles que estejam já estourando sua champanhes nesse momento", disse.
Vital do Rêgo também afirmou que respeitava a decisão do tribunal, mas não entendia.
"Quando o mercado toma as rédeas da economia, faz o que aprendeu a fazer, que é ter lucro", disse o ministro, que também mencionou que basta ver o que acontecendo com combustíveis e o gás de cozinha, com preços estratosféricos.
Do outro lado, o ministro Antonio Anastasia misturou tanto a linguagem "popular" quanto a normalmente utilizada em tribunais pelo país.
No começo de sua fala, ele utilizou figuras de linguagem ao elogiar o voto divergente do ministro Vital do Rêgo e pediu permissão para falar que ele colocou o "dedo na ferida" em alguns aspectos. Ainda disse que, como falam em Minas, uma das questões era simples "pão, pão, queijo, queijo".
Ao defender sua posição, Anastasia também aderiu a um vocabulário mais rebuscado. "Alvedrio" e "Talante" têm sentidos parecidos, algo como disposição ou interesse.
" O titular do serviço remanesce sendo a União Federal. O serviço público relativo a energia elétrica continua sendo de propriedade da União, que terá e tem ao seu dispor, ao seu talante, ao seu alvedrio, todos os instrumentos do direito administrativo para um acompanhamento", disse
O ministro Bruno Dantas acompanhou o relator Aroldo Cedraz, que havia votado em abril, na aprovação do processo de privatização. Dantas disse que quem vai determinar o preço das ações é o mercado, não o TCU e que a decisão política de vender a Eletrobras já foi tomada no "foro apropriado", que é o Congresso Nacional e sancionado pelo presidente da República.
"A este tribunal cabe examinar esses aspectos técnicos e segundo eu penso, os aspectos técnicos a cargo do tribunal são muito bem revelados na medida em que esta corte assegura a isonomia no processo de compra dos papeis da Eletrobras", disse.