A partir desta terça-feira (10), o preço médio de venda de diesel da Petrobras terá reajuste de 8,87% para as distribuidoras, informou a empresa na manhã desta segunda-feira. Esse é o terceiro aumento do ano e o primeiro do atual presidente da estatal, José Mauro Ferreira Coelho, que tomou posse em 14 de abril. Os preço da gasolina e do gás de botijão não terão alteração.
Ferreira Coelho substituiu Joaquim Silva e Luna no comando da estatal, após o desgaste do ex-presidente da empresa com Jair Bolsonaro justamente por causa da alta dos combustíveis.
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O litro do diesel passará de R$ 4,51 para R$ 4,91. Com isso, o combustível acumula alta no preço de 47% desde janeiro. O último aumento foi no dia 11 de março, quando o litro do combustível passou de R$ 3,61 para R$ 4,51.
“Com esse movimento, a Petrobras segue outros fornecedores de combustíveis no Brasil que já promoveram ajustes nos seus preços de venda acompanhando os preços de mercado”, disse a estatal em nota.
Segundo a companhia, o aumento anunciado na manhã desta segunda-feira “observou tanto o desalinhamento nos preços quanto a elevada volatilidade no mercado”.
Defasagem de 17% no preço
“Nesse momento, no entanto, o balanço global de diesel está impactado por uma redução da oferta frente à demanda. Os estoques globais estão reduzidos e abaixo das mínimas sazonais dos últimos cinco anos nas principais regiões supridoras”, disse a estatal.
A Petrobras diz que esse desequilíbrio resultou na elevação dos preços de diesel no mundo inteiro, com a valorização do combustível muito acima da valorização do petróleo. A diferença entre o preço do diesel e o preço do petróleo nunca esteve tão alta.
De acordo com a Abicom, a associação dos importadores, a defasagem do diesel hoje está em R$ 0,94, ou 17% em relação ao preço internacional. Ou seja, mesmo com a alta anunciada hoje, o diesel vai cotinuar a ser vendido com defasagem. Em 27 de abril, a defasagem de preços chegou a 27%
A Petrobras lembrou ainda que o refino nacional não tem capacidade para atender toda a demanda do país, aumentando as preocupações de um possível desabastecimento. Dessa forma, cerca de 30% do consumo brasileiro de diesel são atendidos por outros refinadores, disse a empresa.
Nas bombas, o consumidor vem encontrando o litro do diesel cada vez mais caro. Neste ano, o preço médio já subiu quase 24% no Brasil, segundo o último levantamento de preços da Agência Nacional do Petróleo (ANP).
Na semana passada, o diesel subiu pela terceira semana seguida nos postos, passando de R$ 6,61 por litro para R$ 6,63, mantendo mais uma vez o preço em patamar recorde.
Segundo a pesquisa da ANP, o preço máximo encontro do diesel nas bombas chega a R$ 8,387 na Bahia.
Para especialistas, o patamar se deve ao fato de a refinaria de Mataripe, que pertence ao fundo árabe Mubadala, repassar os reajustes dos preços internacionais aos derivados quase que de forma instantânea.
A refinaria, chamada até então de Landulpho Alves (Rlam), pertencia à Petrobras e a venda foi finalizada no fim do ano passado.
Pressão inflacionária
Em nota, o Ministério da Infraestrutura confirmou que “participa de debates e de estudos de alternativas que possam atenuar as despesas e melhorar a situação dos trabalhadores autônomos de transporte, com quem o diálogo é constante e está sempre aberto.”
O aumento no preço do diesel deve afetar indiretamente a inflação. O combustível é usado no frete de tudo aquilo que as famílias consomem, portanto o aumento pode influenciar o custo de uma gama de produtos, resultando em pressão inflacionária. Como resume André Braz, economista da FGV, a alta tem potencial de afetar do preço dos alimentos ao transporte público:
"O diesel influencia o preço do frete, da geração de energia e da produção com máquinas no campo. Também pode levar a um aumento nas passagens de ônibus, do qual o trabalhador depende diariamente, já que representa 35% do custo das empresas rodoviárias."