Apesar de o presidente Jair Bolsonaro ter afirmado, na terça-feira (26), que 27 navios russos estão a caminho do Brasil com fertilizantes, dados da agência Bloomberg mostram uma forte queda do embarque desses insumos da Rússia.
A programação de navios dos portos brasileiros mostra que novos volumes de fertilizante russo caíram 58% nas últimas quatro semanas, em comparação com o período anterior, segundo informações da Green Markets, braço da Bloomberg que acompanha o setor de defensivos agrícolas.
E nenhum embarque da Bielorrússia foi adicionado à programação de portos desde o final de fevereiro, segundo Marina Cavalcante, analista da Green Markets.
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As quedas nas importações “podem representar um risco para o fornecimento de fertilizantes no segundo semestre do ano”, afirma Marina Cavalcante.
A avaliação é de que o tempo está se esgotando para obter a quantidade de insumo necessário para plantar, em setembro, a safra de soja do Brasil, que historicamente é a maior do mundo.
Tanto a Rússia quanto a Bielorrússia, que respondem por quase um terço das importações de fertilizantes do Brasil, estão sob sanções de países ocidentais por causa da invasão da Ucrânia pelos russos.
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Um impacto na safra brasileira terá repercussões globais. A soja brasileira é usada em tudo, desde óleo de cozinha a ração animal, e um déficit de fertilizantes pode resultar em uma produção menor desta oleaginosa.
O aumento dos preços da soja pode repercutir em todas as cadeias mundiais de abastecimento de alimentos e exacerbar a inflação.
O Brasil importa mais de 85% do fertilizante que consome.
A dependência de fertilizantes é um fator chave na postura neutra de Bolsonaro em relação à guerra de Vladimir Putin contra a Ucrânia.
"Adotamos uma posição de equilíbrio nessa questão conflituosa, não sobrevivemos sem fertilizantes", disse Bolsonaro na terça-feira durante evento em Brasília.