Empregadores encontram opções de cartões que possibilitam o pagamento de benefícios além da refeição e do transporte
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Empregadores encontram opções de cartões que possibilitam o pagamento de benefícios além da refeição e do transporte

Salário, vale-transporte, plano de saúde e vale com muitas opções. Foi-se o tempo em que os benefícios corporativos oferecidos por algumas empresas aos seus funcionários ficavam restritos à dobradinha alimentação e refeição. Agora, empregadores encontram opções de cartões que possibilitam o pagamento de despesas do home office, de saúde, e investimentos em cursos, cultura e lazer.

Os cartões de benefícios mais múltiplos começaram a aparecer há alguns anos, mas a onda de flexibilização foi acelerada pela pandemia da Covid-19, que empurrou trabalhadores de diferentes setores para o trabalho remoto. Uma pesquisa da consultoria Willis Towers Watson, publicada no início do ano, mostrou que para 56% das empresas, o trabalho remoto é uma das principais influências que norteiam as estratégias de benefícios.

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O levantamento recolheu respostas de 1 milhão de funcionários de 287 empresas brasileiras entre maio e junho de 2021. Os dados apontaram que 78% das companhias pensam em diferenciar os benefícios nos próximos dois anos para atender necessidades específicas dos empregados.

"A pandemia sem dúvida intensificou a oferta de benefícios mais flexíveis. Ao longo do tempo as empresas vêm tentando inovar para atender uma demanda maior dos funcionários", analisa Kelly Guarnier, especialista em RH e professora do Ibmec-RJ.

Com a diversificação, as operadoras oferecem às empresas diferentes categorias de benefícios, as chamadas “carteiras”, como valores voltados para despesas com home office, como contas de luz e internet, por exemplo; cultura e lazer, para a compra de livros ou de entradas de teatro e cinema, além, claro, de benefícios tradicionais como refeição, alimentação e mobilidade, que passa a ter opções como pagamento de combustíveis.

Os empregadores escolhem as opções e determinam se os valores por carteira serão fixos ou móveis - possibilitando ou não a chamada calibragem, onde o funcionário pode dividir valores entre as opções que mais usa.

Essa flexibilidade, no entanto, precisa respeitar a legislação trabalhista. De acordo com o Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), valores relacionados a alimentação e refeição devem ser garantidos, e por isso, não podem ser flexibilizados.

Valores não aumentam

No serviço oferecido por alguma das empresas mais novas que operam no setor, os cartões de benefícios são bandeirados, o que possibilita uma maior rede que aceita o pagamento. As operadoras afirmam que não existe um perfil entre as empresas clientes, que vão desde corporações mais recentes, como startups de tecnologia, até empresas tradicionais, como supermercados e empresas de infraestrutura. A maior oferta de opções de uso dos benefícios, no entanto, não faz necessariamente os valores pagos pelos empregadores aumentarem:

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"Depende muito da disponibilidade da empresa de oferecer benefícios extras. Normalmente começam com duas ou três opções. Os principais são sempre alimentação, refeição, home office e mobilidade", afirma Júlio Brito, General Manager da Swile, startup francesa que chegou ao Brasil em 2021, após comprar a Vee Benefícios.

Essa ampliação dos serviços ofertados também impulsionou que corporações com experiência no setor passassem a diversificar os produtos. Uma das mais tradicionais empresas da área, a Ticket lançou, no dia 23 de março, um novo tipo de cartão, o Super Flex, que cobre despesas com refeição, alimentação, home office, educação e de bem estar e calibragem dentro das regras.

"Já trabalhamos os benefícios flexíveis desde 2018, quando lançamos o Ticket Pagamento, muito em função de pedidos dos nossos clientes, mas o home office foi um dos grandes motivadores. Temos clientes que já tinham um volume de benefícios e agora dividem melhor as necessidades dos funcionários", explica Natalia Ghiotto, Diretora de Produtos da empresa.

Fator de retenção

A pesquisa de tendências da Willis Towers Watson também mostrou que entre os principais objetivos da administração de benefícios estão o bem-estar, a retenção e a melhora do desempenho dos funcionários:

"Essa flexibilidade deixa as pessoas mais satisfeitas e é um fator importante de retenção. Cria engajamento e uma percepção de ganho ainda que o valor ofertado seja similar ao anterior", analisa Kelly Guarnier, do Ibmec-RJ.

A pedagoga Rafaela Maia, de 28 anos, trabalha há dois anos numa empresa de marketing digital. Nesse tempo, passou pela transição de cartões mais tradicionais, com benefícios apenas de refeição e alimentação, para um mais flexível. Para ela, a mudança ajuda a adaptar melhor os benefícios corporativos às necessidades de cada funcionário.

"Foi ótimo porque o cartão agora é bandeirado, então é aceito em muitos lugares. Como eu moro com meus pais, acabo não gastando tanto com alimentação, então agora tenho mais opções e consigo usar para comprar livros e para abastecer o carro, por exemplo."

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