O dólar tem alta próxima aos 3%, chegando a bater a casa dos R$ 4,75, enquanto a Bolsa cai nesta sexta-feira (22). As declarações do presidente do Federal Reserve, Banco Central americano, Jerome Powell, de que uma alta de 0,50 ponto percentual é uma opção para as próximas reuniões de política monetária gerou forte impacto negativo nos índices acionários globais.
Como as falas ocorreram na quinta-feira (21), dia em que o mercado local estava fechado por causa do feriado de Tiradentes, a reação mais forte na nossa Bolsa ocorre hoje.
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No pregão, os investidores ainda repercutem a decisão do presidente Jair Bolsonaro de assinar um decreto para conceder perdão ao deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ), condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a oito anos e nove meses de prisão por ameaças e incitação à violência contra ministros da Corte.
Por volta de 11h45 , a moeda americana tinha alta de 2,80%, negociada a R$ 4,7493 após atngir a máxima de R$ 4,7508.
O movimento reflete a alta da divisa observada no exterior.
Após as falas de Powell, os Títulos do Tesouro americano apresentavam fortes elevações, indicando a busca por proteção por parte dos investidores e a consequente retirada de dólares de mercados que oferecem mais ricos, como é o caso brasileiro.
Com menos oferta de dólares, o preço da moeda sobe.
No mesmo horário, o Ibovespa caía 2,13%, aos 111. 918 pontos. O principal índice da B3 é pressionado por fortes quedas em diversos setores.
O que disse Powell?
Durante um painel organizado pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em Washington, o presidente do Fed adotou uma abordagem mais agressiva ao tratar da inflação alta e persistente no país e do processo de aperto monetário.
"Eu diria que 50 pontos-base estarão na mesa para a reunião de maio", disse Powell
Powell também reforçou as expectativas de outro aumento de 0,50 ponto percentual em junho, citando a ata da reunião de política monetária do mês passado.
O documento demonstrava que muitos dirigentes do banco notaram que "um ou mais" aumentos de 0,50 ponto percentual poderiam ser apropriados para conter a inflação mais alta em quatro décadas.
Na reunião de março, o Fed elevou as taxas básicas de juros em 0,25 ponto percentual, primeiro aumento desde 2018.
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Após a reunião, diversos membros do Fed já tinham dado declarações favoráveis a um ciclo de aperto mais duro. Mas o posicionamento de Powell, que costumava dar declarações mais amenas sobre o processo inflacionário no ano passado, reforçou as expectativas por um Fed mais agressivo.
Brasil: crise institucional
Se não bastasse o cenário de maior inflação e juros no exterior, o mercado local volta a repercutir embates entre o presidente Bolsonaro e o STF.
Os ministros do Tribunal articulam uma resposta conjunta e institucional ao indulto. Partidos e parlamentares de oposição já entraram com ações, na manhã desta sexta-feira, para questionar o perdão presidencial.
Ações
Entre as ações, as ordinárias da Petrobras (PETR3, com direito a voto) caíam 2,79% e as preferenciais (PETR4, sem direito a voto), 2,36%.
As ordinárias da Vale (VALE3) caíam 3,24% e as da Siderúrgica Nacional (CSNA3), 3,82%.
As preferenciais da Usiminas (USIM5) cediam 1,39%.
No setor financeiro, as preferenciais do Itaú (ITUB4) e do Bradesco (BBDC4) tinham quedas de 1,39% e 1,41%, respectivamente,
Petróleo cai
Os preços dos contratos futuros do petróleo apresentavam queda pela manhã diante da perspectiva de um aperto maior dos juros americanos e das expectativas por um crescimento global menor.
Por volta de 11h30, no horário de Brasília, o preço para o contrato de junho do petróleo tipo Brent caía 1,35%, cotado a US$ 106,87, o barril.
Já o preço para o mesmo mês do tipo WTI cedia 1,46%, negociado a US$ 102,27, o barril.
Bolsas no exterior
As bolsas americanas apresentavam baixas no início do pregão. Por volta de 11h, em Brasília, o índice Dow Jones cedia 1,10% e o S&P, 0,82%. A Bolsa Nasdaq caía 0,08%.
Na Europa, as bolsas operavam no negativo. No mesmo horário, a Bolsa de Londres caía 0,96% e a de Frankfurt, 1,97%. Em Paris, ocorria queda de 1,89%.
As bolsas asiáticas fecharam com sinais contrários. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, caiu 1,63%. Em Hong Kong, houve baixa de 0,21% e, na China, alta de 0,23%, com os investidores reagindo de apoio à economia real por parte do presidente do BC do país.