Pagar dívida ou investir? Veja o que fazer com o saque do FGTS
Nova rodada do saque extraordinário começa nesta quarta-feira
Começa nesta quarta-feira (20) a nova rodada de saques extraordinários do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) autorizada pelo governo. Dessa vez, os trabalhadores poderão sacar até R$ 1 mil.
Em meio às dificuldades econômicas atuais, com a inflação corroendo a renda, muita gente vai aproveitar o dinheiro extra para pagar dívidas ganhar algum fôlego financeiro.
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Quem está com as contas em dia, pode aproveitar para formar uma reserva de emergência, importante para qualquer um, ainda mais num cenário econômico tão incerto.
Outra alternativa é investir para multiplicar os recursos com rendimentos melhores que os oferecidos pelo FGTS.
Confira um guia para usar o dinheiro a ser sacado
Quitar dívidas
Num cenário de juros altos, nada melhor do que se livrar de dívidas, principalmente as em atraso. A reboque da taxa básica de juros, o custo financeiro do rotativo de cartão de crédito, que sempre foi muito alto, está aumentando.
No ano passado, segundo o Banco Central, o juro médio do cartão subiu 21,8% ao longo de 2021, passando de 329% ao ano em janeiro para 349,6% ao ano em dezembro — a maior desde agosto de 2017. Já os juros do cheque especial começaram o ano em mais de 120% ao ano.
De acordo com cálculos de Antônio Sanches, da Rico, sob essas condições, uma dívida de R$ 1.000 pode virar R$ 2.280 em apenas 12 meses. Ao fim de três anos, o valor no vermelho se transformaria em R$ 11.852,35.
O economista Filipe Pires, diretor de Pós-graduação da UniAnchieta, diz que cartão e cheque especial devem ser prioridades para quem está inadimplente, para que não se tornem impagáveis. A dica é amortizar, ainda que parcialmente, a dívida com juros mais altos.
Gustavo Moreira, coordenador do MBA de finanças do Ibmec RJ, diz que, se os R$ 1 mil não forem suficientes para zerar as dívidas, pode ser o ponto de partida de uma renegociação com o banco ou uma loja:
"Na maioria dos casos, o custo da dívida, ou seja, a taxa de juros do financiamento, é maior que o retorno que o dinheiro terá (num investimento, por exemplo). Portanto, é mais adequado utilizar o saque para quitar o saldo devedor, ainda que parcialmente."
Fazer investimentos
Com a taxa básica de juros em alta, especialistas dizem que o saque do FGTS é uma boa oportunidade para investir em renda fixa. Há opções que rendem mais que o triplo do rendimento do FGTS, que é de cerca de 3% ao ano.
"Existem diversas opções de investimento com liquidez, que a pessoa pode resgatar rapidamente em um momento de estresse, com rentabilidade muito maior. É o caso do Tesouro Selic que rende hoje em torno de 11,75% ao ano e permite o resgate em um dia útil, sendo ideal para emergências", sugere o economista Antônio Sanches.
Segundo cálculos dele, enquanto R$ 1.000 aplicados no FGTS, com taxa de 3% ao ano, tornam-se R$ 1.092,73 em três anos, o mesmo valor no Tesouro Selic, investido pelo mesmo período, resulta em R$ 1.395,54.
A economista da 3A Investimentos, Débora Expósito, acrescenta que há muitas opções de Certificados de Depósito Bancário (CDBs) que remuneram o equivalente a 100% do CDI, aproximadamente 11,65% ao ano. É uma aplicação que também permite saque imediato sem perda.
"A taxa Selic, em 11,75% ao ano, pode chegar a 13% ao final deste ano. Então, são muitas as opções de investimentos que possuem uma rentabilidade superior à do FGTS. O investidor pode buscar ativos com perfil conservador, desde títulos públicos federais a emissões bancárias."
Montar reserva de emergência
O planejador financeiro Marlon Glaciano avalia que o saque do FGTS é uma boa chance de iniciar a composição de uma reserva de emergência, algo que todo trabalhador deve ter para o caso de algum imprevisto ou até mesmo desemprego, ainda mais em tempos de crise.
Especialistas em finanças pessoas geralmente recomendam ter em algum investimento fácil de sacar o equivalente a cinco ou seis vezes o valor das despesas mensais da pessoa ou família.
"Busque produtos que remunerem ao menos 100% do CDI. Você pode considerar algum LCI (Letra de Crédito Imobiliário) ou LCA (Letra de Crédito do Agronegócio), já que os mesmos são isentos de Imposto de Renda", aconselha Glaciano.