Vladimir Putin e Jair Bolsonaro
Jorge William/Agência O Globo
Vladimir Putin e Jair Bolsonaro

A Rússia pediu oficialmente o apoio do Brasil no Fundo Monetário Internacional (FMI), no Banco Mundial e no G20, num momento em que o país governado por Vladimir Putin sofre sanções ocidentais capitaneadas pelos Estados Unidos por conta da invasão à Ucrânia.

O pedido foi feito em uma carta enviada pelo ministro das Finanças da Rússia, Anton Siluanov, ao ministro da Economia do Brasil, Paulo Guedes. O documento, obtido pelo GLOBO, chegou ao Ministério da Economia nesta semana.

"Pedimos o seu apoio para evitar acusações políticas e tentativas de discriminação em instituições financeiras internacionais e fóruns multilaterais. Supomos que agora, mais do que nunca, é crucial preservar um clima de trabalho construtivo e a capacidade de promover o diálogo no FMI, no Banco Mundial e no G20", diz a carta, em inglês.

É um documento de seis parágrafos em que a Rússia reclama das sanções e diz que está passando "por um período desafiador de turbulência econômica e financeira"

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"Quase metade das reservas internacionais da Federação Russa foram congeladas, as transações de comércio exterior estão sendo bloqueadas, incluindo aquelas com nossos parceiros de economias de mercados emergentes. Existem dificuldades em cumprir as obrigações da dívida soberana apenas devido à falta de acesso às nossas contas em moeda estrangeira", afirma o documento.

Guedes viaja na próxima semana para a reunião anual do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional, em Washington. Na quarta-feira (20), está prevista a reunião do G20, que reúne as maiores economias do mundo. Na quinta-feira (21), acontece a reunião de primavera do FMI e Banco Mundial. 

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Os países ocidentais adotaram sanções sem precedentes contra a Rússia para penalizar Putin por sua campanha militar na Ucrânia, que deixou milhares de mortos, incluindo civis, e fez com que mais de 11 milhões de pessoas deixassem suas casas.

O objetivo dos EUA e da União Europeia é cortar todo o acesso da Rússia a fontes de financiamento externo. Em palavras da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, "vamos nos assegurar de que a Rússia não possa obter créditos ou qualquer outro tipo de benefícios nestas instituições".

Na carta a Guedes, a Rússia diz que os Estados Unidos "e seus satélites" estão adotando uma política de isolar a Rússia da comunidade internacional. "Foi exercida uma enorme pressão sobre a Presidência indonésia para que não nos convidasse para as reuniões do G20. O trabalho nos bastidores está em andamento no FMI e no Banco Mundial para limitar ou até mesmo expulsar a Rússia do processo de tomada de decisões. Os países avançados também estão fazendo declarações antagônicas e fazendo avaliações extremamente distorcidas e tendenciosas da situação na Ucrânia", afirma o ministro russo.

Apesar das pressões de europeus e americanos, o Brasil não aderiu e nem planeja aderir às sanções. Tanto no Conselho de Segurança — onde ocupa uma vaga rotativa por dois anos — quanto na Assembleia Geral, porém, o Brasil tem votado pela condenação da invasão da Ucrânia, mas com posição crítica às sanções.

Na carta dirigida ao Brasil, a Rússia diz que as ações dos Estados Unidos e aliados são "inaceitáveis". "Desejo salientar que tais ações são inaceitáveis e vão contra os princípios básicos e as disposições estabelecidas nos Artigos do Acordo das organizações de Bretton-Woods. Acreditamos que o desrespeito aos princípios e espírito do multilateralismo, bem como a contínua condenação e a retórica dura, só agravarão a situação da economia mundial, que ainda não se recuperou da pandemia. Consideramos que a atual crise causada por sanções econômicas sem precedentes impostas pelos países do G7 pode ter consequências duradouras, a menos que tomemos ações conjuntas para resolvê-la", afirma o ministro russo.

Nesta terça-feira (12), Guedes chegou a dizer que guerras e sanções econômicas representam uma volta ao passado e defendeu a importância das instituições multilaterais para que seja mantido o grau de civilização alcançado pelo mundo.

"Não podemos mergulhar no passado. No passado de guerras físicas, no passado de sanções econômicas, interrupção do fluxo de comércio, interrupção de investimentos", disse o ministro.

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