Maioria é contra privatização da Petrobras e Eletrobras, diz pesquisa

Segundo PoderData, 54% da população quer que Petrobras continue estatal, e 56% não quer Eletrobras na iniciativa privada

Bolsonaro e Paulo Guedes
Foto: Clauber Cleber Caetano/PR
Bolsonaro e Paulo Guedes

Uma das principais bandeiras da política liberal do ministro da Economia, Paulo Guedes, é a privatização de estatais. Entre elas, a da Petrobras e da Eletrobras. A população, no entanto, não segue a linha do ministro. Segundo pesquisa PoderData realizada de 27 a 29 de março de 2022, 54% da população é contra venda da estatal de petróleo e 56% contrária à venda da empresa de energia. 

Além disso, quando o assunto é privatização em geral, a maioria se diz contra. Segundo dados do levantamento, apenas 20% diz que "o governo deveria vender todas", enquanto 25% afirma que "deveria vender parte delas" e 43% quer "que o governo continue dono das empresas. Do total, 12% não souberam responder. 

Entre no  canal do Brasil Econômico no Telegram e fique por dentro de todas as notícias do dia 

O grupo que considera o trabalho de Bolsonaro "bom" ou "ótimo" tem taxa maior de apoio à venda de todas as estatais (37%). Entre os que consideram o trabalho "ruim" ou "péssimo", 54% acham "melhor que o governo continue dono" das empresas.

Petrobras

A Petrobras, na mira de Guedes para um eventual segundo mandato , vem sendo criticada pelos sucessivos reajustes no preço dos combustíveis. Segundo a pesquisa, 54% são contrários à ideia do ministro, enquanto 30% se dizem a favor e 16% não souberam responder.

A opinião está diretamente atrelada à avaliação do governo. De acordo com o PoderData, 55% dos que querem vender a empresa avaliam o governo Bolsonaro como "ótimo ou bom", já dentre os que avaliam o governo como "ruim/péssimo", 66% querem que o governo continue sendo dono da estatal. 

O presidente Jair Bolsonaro decidiu demitir Silva e Luna em meio à disparada nos preços dos combustíveis. O contexto é parecido com a demissão de seu antecessor, Roberto Castello Branco, que também saiu em meio a críticas de Bolsonaro sobre o preço dos combustíveis.

Na última segunda (28), Bolsonaro resolveu demitir Joaquim Silva e Luna e indicar o economista Adriano Pires para o comando da estatal .

Pires já se manifestou diversas vezes a favor da política de preços da Petrobras — que repassa flutuações nas cotações do dólar e do petróleo. Classificou tentativas de controle de preços como populistas.

Ao mesmo tempo, já endossou propostas de concessão de subsídios temporários para cobrir o “efeito guerra”. Em artigo recente, reiterou que não se deve ceder à tentação de intervir nos preços, mas sugeriu a criação de um fundo com uso de dividendos pagos pela Petrobras à União ou vindos de royalties e participações especiais.

Eletrobras

A Eletrobras está mais avançada no processo de privatização e já  obteve a aprovação do TCU (Tribunal de Contas da União), bem como a maioria do Congresso Nacional aprovou a venda. 

Entre a população, no entanto, apenas 29% disseram ser favoráveis à venda da estatal, enquanto 15% não souberam responder e 56% se disseram contrários. 

Se cruzados os dados com a avaliação do governo, entre os que consideram o governo "ruim ou péssimo", 70% não querem ver a empresa nas mãos da iniciativa privada. Já entre os que consideram a gestão "ótima ou boa", 55% querem que a empresa seja vendida. 

O modelo da privatização prevê transformar a companhia em uma corporação, sem controlador definido, após uma oferta de ações que não será acompanhada pela União. Sem acompanhar a capitalização, o governo tem sua participação diluída para menos de 50% e perde o controle das empresas.

Metodologia

A pesquisa foi realizada pelo PoderData, empresa do grupo Poder360 Jornalismo, com recursos próprios. Os dados foram coletados de 27 a 29 de março de 2022, por meio de ligações para celulares e telefones fixos. Foram 3.000 entrevistas em 275 municípios nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 2 pontos percentuais. O intervalo de confiança de 95%. Registro no TSE: BR-06661/2022.

Para chegar a 3.000 entrevistas que preencham proporcionalmente (conforme aparecem na sociedade) os grupos por sexo, idade, renda, escolaridade e localização geográfica, o PoderData faz dezenas de milhares de telefonemas. Muitas vezes, mais de 100 mil ligações até que sejam encontrados os entrevistados que representem de forma fiel o conjunto da população.