Dólar opera com baixa nesta sexta-feira
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Dólar opera com baixa nesta sexta-feira

Após um primeiro trimestre positivo para os ativos domésticos, o dólar seguiu sua trajetória de queda enquanto a Bolsa teve forte alta nesta sexta-feira (1º). No pregão, investidores repercutiram a divulgação de dados do mercado de trabalho nos Estados Unidos abaixo do esperado.

A moeda americana terminou com baixa de 1,94%, negociada em R$ 4,6668, após atingir a mínima de R$ 4,6623. Este é o menor valor de fechamento desde o pregão de 10 de março de 2020, quando esteve cotada em R$ 4,6447. No ano, o dólar já cumula perdas de 16,29% ante o real.

O Ibovespa, por sua vez, subiu 1,31%, aos 121.571 pontos. O principal índice da B3 foi sustentado pela alta dos papéis da Vale e de outras empresas ligadas à economia local.

Para o sócio e gestor da Galápagos Capital, Sérgio Zanini, o real seguiu se beneficiando da entrada de fluxo estrangeiro no país, que também ajudou no desempenho positivo da Bolsa. "A queda do dólar segue impulsionada por fluxos de estrangeiros. O Brasil está mais bem colocado que seus pares emergentes", analisou.

Ele destaca que a queda no dia pode ter sido intensificada pela virada do mês, quando muitos participantes do mercado reposicionam suas posições. Além do fluxo, o real vem se beneficiando do diferencial do juro local frente ao praticado em outros países e do patamar alto dos preços de commodities.

EUA: criação de 431 mil empregos em março

O relatório do mercado de trabalho americano, o chamado "payroll", mostrou a criação de 431 mil empregos não agrícolas em março ante os 750 mil gerados em fevereiro, após revisão. Apesar de sólidos, os números vieram abaixo das expectativas do mercado, que rondavam a casa das 490 mil vagas.

A taxa de desemprego caiu para 3,6%, a menor desde fevereiro de 2020, antes os 3,8% em fevereiro. O rendimento médio por hora aumentou 0,4%, após alta de 0,1% em fevereiro.

Os dados de emprego são importantes, pois são um dos fatores avaliados pelo Federal Reserve, Banco Central americano, no momento de definir os próximos passos de sua política monetária.

Em um cenário de inflação alta e recuperação dos empregos, a tendência é de um aperto mais acelerado. No mês passado, o Fed elevou a taxa básica de juros pela primeira vez desde 2018.

"O dado é positivo, mas a frustração das expectativas traz um viés positivo para o Banco Central americano, que estava extremamente pressionado por conta dos sucessivos dados positivos de atividade", disse a economista-chefe da CM Capital, Carla Argenta.

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Argenta destaca que o dado de emprego abaixo das expectativas de soma ao de inflação divulgado na véspera que, apesar de alto, veio em linha com as expectativas. Ela ainda ressalta que foi o primeiro dado macroeconômico importante a já considerar a nova realidade imposta pela guerra entre Ucrânia e Rússia. "O dólar reagiu para baixo, mostrando que o mercado deve ajustar as suas expectativas com base nos dados recentes".

Para Zanini, da Galápagos, o conjunto dos dados americanos vieram forte. "Os dados do mês passado foram revisados para cima, o desemprego caiu novamente e os salários subiram um pouco acima do esperado".

O sócio e economista-chefe do ModalMais, Felipe Sichel, destaca que, considerando a composição forte dos números, com queda das taxas de desemprego frente ao aumento da taxa de participação e aceleração dos salários, o mercado de trabalho americano segue apertado, colocando um viés altista para os salários e, por tabela, para a inflação de médio prazo.

"Destacamos ainda que o mercado de trabalho segue dando sinais de robustez, dando vazão a uma atuação mais firme do Fed", destacou Sichel em comentário a clientes. A projeção do Modal é de elevação em 0,50 ponto percentual na próxima reunião de política monetária do banco, realizada em maio.

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No front geopolítico, o mercado aguarda a retomada de negociações entre delegações da Rússia e Ucrânia que, apesar de mostrarem evolução, não demonstram indícios de resolução do conflito no curto prazo.

Na cena interna, segue no radar uma nova elevação na Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) cobrado das instituições financeiras, como os bancos.

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O objetivo da proposta seria compensar a derrubada do veto do presidente Jair Bolsonaro ao projeto que abre um programa de renegociação de débitos tributários (Refis) empresas do Simples Nacional e microempreendedores individuais (MEIs).

Com as notícias a respeito da possível elevação da CSLL, os bancos aceleraram suas perdas na reta final do pregão de quinta-feira (31).

Ações

Entre as ações, as ordinárias da Petrobras (PETR3, com direito a voto) subiam 0,06% e as preferenciais (PETR4, sem direito a voto) cediam 0,39%. As ordinárias da Vale (VALE3) avançavam 1,42% e as da Siderúrgica Nacional (CSNA3), 0,23%. As preferenciais da Usiminas (USIM5) cediam 0,93%.

No setor financeiro, as preferenciais do Itaú (ITUB4) subiam 0,20% e as do Bradesco (BBDC4) caíam 0,90%. Empresas ligadas à economia local voltavam a ter um dia de altas, beneficiando-se, novamente, da queda nas taxas de juros futuros. As ordinárias da Méliuz (CASH3) avançavam 7,81% e as do Magazine Luiza (MGLU3), 6,60%.

Petróleo volátil

Os preços dos contratos futuros do peróleo apresentam volatilidade nesta sexta-feira, com o barril do Brent alternando altas e baixas.

Por volta de 13h20, no horário de Brasília, o contrato para junho do petróleo tipo Brent caía 0,45%, negociado a US$ 104,24, o barril. Já o preço do contrato para maio do tipo WTI cedia 1%, cotado a US$ 99,28, o barril.

Na quinta-feira, os preços da commodity fecharam em forte baixa após o anúncio por parte dos EUA da liberação de 180 milhões de barris das reservas estratégicas do país.

Inflação da zona do euro bate novo recorde

Após os dados de emprego, as bolsas americanas operavam com direções contrárias. Por volta de 15h15, em Brasília, o índice Dow Jones subia 0,22% e o S&P cedia 0,17%. Em Nasdaq, ocorria queda de 0,09%. Na Europa, as bolsas fecharam com altas. A Bolsa de Londres subiu 0,30% e a de Frankfurt, 0,22%. Em Paris, ocorreu alta de 0,37%.

No continente, o destaque vai para a inflação ao consumidor da zona do euro, que veio acima das expectativas e registrou o nível mais alto da história do bloco.

A taxa anual do índice de preços ao consumidor subiu 7,5% em março, uma aceleração ante os 5,9% registrados em fevereiro. Os números foram divulgados pela agência de estatísticas da União Europeia (UE), Eurostat.

O número de fevereiro já representava o maior nível registrado pelo Eurostat desde que a agência começou a medir os preços ao consumidor na região em janeiro de 1997.

O núcleo do índice, que exclui componentes voláteis de energia e alimentos, subiu 3% ao ano em março após alta de 2,7% no mês anterior. Os dados devem intensificar a pressão para que o Banco Central Europeu (BCE) adote uma postura mais rígida quanto ao aumento de juros.

As bolsas asiáticas fecharam sem direção única. O índice Nikkei, da Bolsa de Tóquio, caiu 0,56%. Em Hong Kong, houve alta de 0,19% e, na China, de 0,94%.

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