Com o êxodo de marcas da Rússia, na sequência à guerra na Ucrânia, surgiu uma onda de registros de marcas copiando as que deixaram o país, segundo a agência japonesa Nikkei.
Uma empresa de comida enlatada, por exemplo, pediu o registro da marca de sua nova rede de fast-food, chamada de Uncle Vanya — referência à peça do dramaturgo russo Anton Chekhov —, com uma logo muito próxima ao símbolo do americano McDonald’s, mas virado de lado.
Há uma jogada nesse desenho. A letra do alfabeto cirílico retratada corresponde a nossa letra “v”, de Vanya.
Dois dias após o McDonald’s ter anunciado que fecharia suas quase 850 unidades em território russo, o parlamentar Vyacheslav Volodin, fiel ao presidente Vladimir Putin, disse que “amanhã, nesses endereços deveríamos ter não McDonald’s, mas (filiais) do Uncle Vanya”, reportou a Nikkey. O comentário pode ter inspirado a empresa em seu novo registro de marca.
Avança também a rede de móveis e decoração Idea, com pedido de registro de marca pela varejista no último dia 21 de março. Tanto o nome quanto a logomarca — em azul e amarelo — são referência direta à sueca Ikea, que também anunciou que partiria da Rússia.
No pedido apresentado, a justificativa é de que a Idea vai suprir totalmente a demanda no mercado interno deixada pela saída da concorrente, segundo noticiou a agência de notícias russa RIA Novosti, diz a Nikkei.
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A agência Nikkei cita ainda o Rossgram, um serviço de rede social lançado na segunda-feira, não apenas tem um nome semelhante ao Instagram, que é muito popular na Rússia, mas as cores do logotipo também são quase as mesmas.
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Pessoas familiarizadas com o aplicativo o descrevem como um clone do Instagram que permite que os usuários – incluindo influenciadores russos perturbados por não conseguir postar na plataforma dos EUA – em grande parte transfiram suas contas do Instagram.
A avaliação é que esse boom de marcas de imitação de outras estrangeiras estaria sendo impulsionado pelas ameaças repetidas por Moscou de que irá confiscar ativos e suspender operações de empresas que se retirarem da Rússia. Neste caso, esses empresários locais poderiam avaliar que podem conseguir direito de gestão dos pontos deixados pelos estrangeiros caso consigam atrair a clientela deixada para trás.
Seria um caminho, como alardeado por Putin no início deste mês, para “implementar sistemas de gestão estrangeiros e transferir esses negócios para aqueles que realmente querem trabalhar”.