Com Selic a 11,75%, poupança ainda vale a pena?

Títulos atrelados à inflação ganham força e fundos DI rendem mais que poupança

Selic subiu para 11,75% nesta quarta
Foto: Felipe Moreno
Selic subiu para 11,75% nesta quarta

A elevação da Selic para 11,75%, maior patamar em cinco anos, após a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de aumentar a taxa básica de juros em 1 ponto percentual reforça a tendência de valorização dos ativos de renda fixa.

As opções são variadas e a escolha de onde alocar seu dinheiro deve ser feita com base no seu perfil de risco e prazo estipulado para resgatar os recursos.

A recomendação é reforçada em um contexto de cautela nos mercados globais por causa da inflação e da guerra entre Rússia e Ucrânia.

Entre no  canal do Brasil Econômico no Telegram e fique por dentro de todas as notícias do dia 

Segundo analistas consultados pelo GLOBO, os títulos de renda fixa pós-fixados, que acompanham as taxas de juros, são boas opções, especialmente para aqueles que aceitam correr menos riscos.

Para os mais arrojados, os prefixados e os indexados à inflação servem com bons instrumentos para alocar seus recursos.

Quando se olha para os fundos de renda fixa DI, a estimativa é que a maior parte deles tenha rendimento superior ao da poupança, principalmente aqueles com taxas de administração de até 2% ao ano.

E vale sempre a lembrança. O fato dos juros estarem subindo não significa que a renda variável deva ser abandonada.

Na Bolsa, há opções de empresas consolidadas e com forte histórico de resultados que estão descontadas frente aos pares globais. Para quem quer fugir da volatilidade, os tradicionais setores defensivos como o elétrico e o de papel e celulose também oferecem boas oportunidades.

Onde investir?

A analista de renda fixa da XP, Camilla Dolle, destaca que para os investidores com perfil mais conservador, o ideal é a alocação dos pós-fixados na carteira, como é o caso do Tesouro Selic.

À medida que a aceitação de risco aumenta, o ideal é reduzir o percentual alocado em pós, redirecionado para os ativos indexados à inflação, que pagam uma taxa mais a variação da inflação no período.

"Os ativos indexados à inflação, quando mantemos até o vencimento, temos essa proteção. Olhando para o prazo médio de cinco anos, achamos que pode ser uma boa alternativa", disse Dolle.

Além deles, há a opção pelos prefixados, que pagam taxas de juros combinadas no momento da aplicação, ainda que demandem uma cautela maior.

Isso ocorre porque, ainda estamos em um ciclo de alta nos juros, que deve se prolongar com as pressões inflacionárias nos combustíveis em decorrência da guerra. Então, o investidor pode ficar preso a uma taxa menor enquanto a Selic continua a subir.

"Você perde a oportunidade de estar em um papel mais rentável se a taxa de juros subir mais do que se esse papel que você contratou", destaca a especialista em finanças e professora da IAG – Escola de Negócios da PUC, Graziela Fortunato.

Graziela ressalta que, por outro lado, se o investidor sair antes do papel antes do vencimento, ele pode perder dinheiro.

"Tal como você está querendo se desfazer, porque está vendo outras oportunidades mais rentáveis, o mercado também percebe isso e ele te dá um desconto pelo que você pagou pelo papel", complementa.


Para Camilla, da XP, o atual momento do mercado faz com que o investidor tenha que redobrar a atenção para os prazos de alocação.

"Toda vez que falamos em um contexto incerto como esse, o ideal é não alongar muito o prazo da carteira. Quanto maior o prazo do ativo, mas ele é sensível a essas oscilações do mercado. E como estamos em um momento incerto, a oscilação é maior."