As mulheres respondem por 83% das famílias contempladas com o Auxílio Brasil, programa de transferência de renda para famílias em situação de vulnerabilidade social que substituiu o Bolsa Família. De acordo com dados do Ministério da Cidadania, das 18 milhões de famílias contempladas com até R$ 400 em fevereiro passado, 15 milhões são chefiadas por mulheres. Ainda de acordo com a pasta, o programa beneficia diretamente mais de 29 milhões de mulheres de até 60 anos. Em relação ao Auxílio Gás, em fevereiro foram pagos 4,7 milhões de benefícios a famílias com responsáveis familiares femininos.
A quantidade de mulheres no programa, no entanto, não é novidade. De acordo com Paola Carvalho, diretora da Rede Brasileira de Renda Básica, as mulheres são prioridade das políticas de renda há mais de dez anos, quando se decidiu colocar os cartões prioritariamente em nome das mulheres. "O Auxilio Brasil só seguiu o que já acontecia com o Bolsa Família".
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Paola faz um alerta e cobra ações mais eficazes do governo para combater a desigualdade: "A pobreza e a pobreza extrema têm rosto de mulher, especialmente mulheres negras. Para enfrentarmos de fato essa realidade, precisávamos da retomada de políticas de proteção e inclusão que chegassem às diferentes realidades do nosso país".
Horas na fila
Em novembro passado, antes mesmo do programa ser lançado, o EXTRA conversou com diversas mulheres que amargaram horas nas filas para conseguirem atualizar o Cadastro Único, porta de entrada para os programas sociais do governo federal, para receberem o Auxílio Brasil.
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Uma delas, a gestante Paola Fernanda Barbosa, de 27 anos, moradora da Favela do Aço, em Paciência, na Zona Oeste do Rio, chegou a dormir na calçada do Centro de Referência e Assistência Social (Cras) Professora Helenice Nunes Jacintho, em Paciência, na Zona Oeste.
"Cheguei no Cras de Paciência na quarta-feira, às 9h da noite, dormi no chão duro e consegui ser atendida na quinta-feira, às 10h", contou Paola, que conseguiu atualizar o cadastro e hoje recebe R$ 400 do Auxílio Brasil.
Ela, na época, reclamou do descaso com a população que ficava à míngua, nas calçadas, à espera de atendimento.
O ministro da Cidadania Joao Roma, destacou o que classifica como protagonismo das mulheres à frente de suas famílias: "As mulheres representam a dimensão mais fiel de que o novo programa de transferência de renda do governo federal abre portas para a emancipação, para a liberdade, para a redução de desigualdades e para a criação de oportunidades".
Paola, da Rede Brasileira de Renda Básica, faz um apelo ao ministro: "Neste mês das mulheres, gostaríamos de maiores avanços. As mulheres seguem nas listas de espera para entrar no Auxilio Brasil e ainda estão com muitas dificuldades para acessar o Cadastro Único".