Guedes: Brasil não está neutro no conflito entre Rússia e Ucrânia
O ministro da Economia disse que está preocupado com a inflação global e afirma que o impacto da guerra é bem mais amplo
Ao ser questionado sobre a posição “neutra” do presidente Jair Bolsonaro sobre a guerra na Ucrânia, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta segunda-feira (28) que o Brasil votou duas vezes no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) para condenar a invasão.
O ministro foi entrevistado pela Bloomberg TV em Nova York após encontros com investidores internacionais da XP Investimentos e do JP Morgan.
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"O Brasil no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas votou duas vezes e votará novamente para condenar a invasão da Ucrânia. Dito isso, nós desejamos que o assunto seja resolvido de uma maneira pacífica tão cedo quanto possível", disse o ministro na entrevista em inglês.
E continuou:
"O mundo está em desaceleração sincronizada, a inflação está subindo em todo o mundo e isso pode só piorar o futuro da economia mundial"
O Brasil é membro rotativo do Conselho de Segurança e apoiou, na semana passada, uma resolução que critica a agressão russa. O encarregado de negócios da embaixada da Ucrânia no Brasil, Anatoliy Tkach, disse que o presidente Bolsonaro estaria ‘mal-informado’ sobre a guerra.
Na mesma questão, Guedes foi perguntado sobre o impacto desse conflito na economia global e na pressão inflacionária. O ministro então disse que o impacto do conflito é amplo.
"A Ucrânia é sobre grãos e a Rússia é sobre fertilizantes para o Brasil, mas nós estamos preocupados com a inflação global, então tem um impacto muito mais amplo porque nós estamos apenas começando a se recuperar da pandemia, então não é nada bom para o mundo", afirmou.
De acordo com Guedes, a inflação brasileira, que ainda está no patamar de 10% ao ano, é basicamente resultado da inflação global e disse que ela deve diminuir ao longo do ano. Para argumentar que os preços sobem em todos os países, ele citou a inflação nos EUA, que chegou a 7,5% em doze meses, a maior taxa para o período desde 1982.
"A inflação no Brasil poderia ser ainda menor do que nos Estados Unidos neste ano, acho que o Brasil vai novamente surpreender para o positivo", disse.
Sobre uma possível pressão inflacionária dos gastos no país, Guedes afirmou que todo o gasto social está dentro do teto e que ele está preocupado com o Federal Reserve (FED), o banco central americano, e o Banco Central Europeu (BCE), que segundo ele, estão "atrás da curva", termo econômico que descreve um BC atrasado no combate à inflação.
"O FED está ben atrás da curva, BCE também. Estou muito preocupado sobre vocês aqui, a inflação está chegando, o FED está dormindo no volante e a inflação global está chegando", afirmou.