O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) colocou em cheque o discurso de que o Brasil precisava passar por reformas estruturantes, promovidas pelas gestões que vieram após o último governo do PT, como a reforma trabalhista, implementada em 2017 por Michel Temer e a reforma da Previdência finalizada em 2019 por Jair Bolsonaro.
"Quem disse isso é um setor empresarial que queria se desfazer do país inteiro, como se desfizeram no Paraná da fábrica de fertilizantes, da usina de xisto. Isso não é reforma", disse o ex-presidente.
Para Lula, o ideal seria promover mudanças pontuais na cobrança de impostos, além de retomar direitos perdidos pelos trabalhadores. O petista defende uma tributação que "coloque o pobre no Orçamento e o rico no Imposto de Renda".
"Eu estou convencido de que nós não precisamos ainda começar a discutir reforma tributária. E não sei se uma reforma tributária completa, a gente tem que discutir tópicos da reforma tributária", disse em entrevista à Rádio Banda nesta terça-feira (15).
“Uma das grandes soluções que o Brasil precisa hoje é a gente voltar a colocar o pobre no Orçamento da União, dos municípios e dos estados, e colocar o rico no Imposto de Renda. É o que está faltando para que os ricos paguem sobre o lucro e dividendos. Aí, quem sabe, a gente vai resgatar o suficiente para fazer as políticas públicas que o Brasil tanto precisa”, destacou.
O petista criticou os textos aprovados pelo Congresso, que, segundo ele, atendem empresários que buscam lucrar com a venda de "interesses do povo brasileiro como empresas poderosas, como a Petrobras e a Eletrobras".
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Lula também estuda ampliar a renúncia fiscal nas folhas de pagamentos para empresas de todos os setores para até 1 salário mínimo. A intenção é de estimular a criação de postos de trabalho, que serão o foco da campanha do provável pré-candidato.
“Não houve reforma trabalhista. O que houve foi uma destruição de tudo aquilo que a gente tinha conquistado desde os anos de Getúlio Vargas. O que sobrou no lugar? Nada. Se criou a ideia de que o cidadão ia deixar de ter carteira assinada e ia ser um microempreendedor”, relatou Lula.
“Acontece que essas pessoas estão descobrindo agora que eles ficaram escravos porque trabalham, não têm direito a férias, seguridade social, descanso semanal remunerado. Se alguém da família fica doente, não tem nada que dê a ele o mínimo de sustentação”, disse.
“Precisamos voltar a discutir uma política trabalhista que dê ao trabalhador o direito de ser tratado com decência, dele ser respeitado, ter acesso a saúde, em especial quando sofre um acidente e não pode trabalhar. Queremos repor os direitos dos trabalhadores brasileiros”, defendeu o ex-presidente.