Lira quer deixar eleições de lado para dólar voltar a R$ 4,50

Presidente da Câmara abordou o assunto após conversa com a equipe econômica. Ele defendeu que a política ajude num processo de valorização gradual do real

Arthur Lira
Foto: Luis Macedo/ Câmara dos Deputados
Arthur Lira

O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta segunda-feira que o Congresso precisa ter cuidado para causar  “o mínimo de turbulência possível” em 2022.

Após reunião no Ministério da Economia, Lira reconheceu o “nervosismo” do mercado e de agentes econômicos em ano eleitoral. Ele avaliou, porém, que é necessário um recuo do dólar ao patamar entre R$ 4,50 e R$ 4,80.

Nesta segunda-feira, a moeda americana fechou em R$ 5,30, com recuo acumulado de 4,83% em janeiro.

"O que nós temos que fazer, e isso é consenso, é causar o mínimo de turbulência possível. O dólar vem baixando quase que um por cento a cada dia. Hoje baixou para R$ 5,30. Ele tem que vir para uma realidade que o Brasil precisa, que é entre R$ 4,50 e R$ 4,80. E segurar. Acho que, neste momento, é contribuir para que isso aconteça", disse Lira.

Sobre a mesa, Refis e combustíveis

O presidente da Câmara afirmou que conversou “genericamente” com a equipe econômica sobre pautas de interesse do governo, como o Refis e as alíquotas de impostos federais incidentes sobre os combustíveis. 

Ele propôs uma sinergia maior entre Executivo e Legislativo para evitar choques e sobressaltos. Na quarta-feira, o Congresso retoma os trabalhos.

"Sem maiores sobressaltos, (vamos) trabalhando as teses, sem nenhum tipo de movimento muito brusco. Um ano eleitoral é sempre mais nervoso, mas a gente vai ter calma nesse processo porque a população não aguenta mais erros. E Brasília ferve nesse período. Então, vamos manter a temperatura baixa, discutindo as coisas e conversando muito mais este ano", disse o presidente da Câmara.

Queixas sobre comunicação do governo

Lira criticou ainda a carga de ICMS incidente sobre os combustíveis.

"A nossa conversa, basicamente, foi a nível de impostos federais. A gente vai discutir. É claro que eu venho sempre batendo na tecla, de maneira bem transparente, de que o ICMS não starta (desencadeia) os aumentos, mas é muito doloroso para o consumidor a carga tributária do ICMS em cima dos combustíveis, da tarifa de energia, de todos os fatores: 34%, 30%, 27%, 28%. Pesa muito. E isso já deveria ter sido revisto." 

O deputado também reclamou da divulgação de ações do governo. 

"O governo fez uma MP (Medida Provisória) que dá 90% de isenção do Fies. Qual é a publicidade que foi feita nisso? Os que foram envolvidos, beneficiados, estão sabendo? Muitas pessoas do governo sequer sabem. Então, a coordenação dessas ações, a distribuição dessas funções, como a gente vai se comportar neste ano em relação a essa sistematização toda é que é importante."