OIT: desemprego no Brasil só deve voltar ao nível pré-pandemia em 2024
Organização prevê que o país deve ter 14 milhões de desempregados neste ano
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) prevê que a taxa de desemprego no Brasil só deverá atingir o nível pré-pandêmico em 2024. Para este ano, a estimativa é que o país tenha 14 milhões de desempregados. O patamar ficará abaixo do número registrado em 2021, de 14,3 milhões, mas ainda permanecerá bem acima do registrado em 2019, antes da pandemia, de 12,5 milhões.
Em termos percentuais, a taxa de desemprego no Brasil era de 11,9% em 2019 e subiu para 14,4% em 2021. Para 2022, a previsão é que ela caia para 13,6%. Ainda assim, o índice é mais de duas vezes superior à média global.
Em horas trabalhadas, o Brasil teve um déficit de 11,8 milhões de empregos em 2020, primeiro ano de pandemia. Em 2021, essa perda foi menor, de 4,2 milhões de empregos. Para 2022, continuará a ter uma baixa, ficando em 2,2 milhões. O número é menor, mas ainda preocupante.
"Estamos vendo tanto um aumento de desemprego como uma redução do número de pessoas participando do mercado de trabalho", afirmou o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, ao apresentar hoje relatório sobre o mercado global de trabalho. "Se você agrega esses dois elementos, o que se vê é um sinal de uma situação preocupante no estado de saúde do trabalho", continuou.
De acordo com Ryder, milhões de pessoas também abandonaram "de forma significativa" o mercado de trabalho e não estão mais buscando emprego. Antes da crise sanitária, 62,2% dos brasileiros estavam no mercado de trabalho. Em 2020, a taxa caiu para 57,3% e, agora, continua abaixo dos índices de 2019, com 59%.
Informalidade
A OIT também alertou para um aumento no número de empregos informais não só no Brasil, mas na América Latina como um todo. Segundo a organização, a pandemia de Covid-19 acelerou um processo que já vinha crescendo ao longo dos anos.
O relatório ressaltou que, desde meados de 2020, o emprego informal representou 70% da criação de empregos em países como Brasil, Argentina, Peru e México.
As taxas de emprego temporário também subiram no nosso país. Elas saíram de 22% no segundo semestre de 2020 para 37% no primeiro trimestre de 2021. Para a OIT, isso é ruim porque o emprego temporário pode ter uma incidência negativa sobre a produtividade das empresas e afetar a formação e a inovação.
A agência destacou outro número que define como preocupante: o de jovens entre 15 e 24 anos que não estudam nem trabalham. Em 2020, 27,9 milhões de brasileiros nessa faixa etária estavam nessa situação.
Recuperação mundial lenta
O mercado de trabalho no mundo todo leverá mais tempo do que o que se pensava para se recuperar. O motivo disso é a incerteza sobre o curso da pandemia de Covid-19.
Em horas trabalhadas, a OIT prevê cerca de 52 milhões de empregos a menos em 2022 na comparação com o nível pré-pandêmico. "O nível em 2022 está estimado em 207 milhões de desempregados, comparado a 186 milhões em 2019".
A agência prevê que a situação só deve melhorar de fato a partir de 2023.
Ainda assim, os números representam uma melhora em relação a 2020 e 2021. Em 2021, havia cerca de 125 milhões de empregos a menos do que antes da pandemia, e em 2020, 258 milhões a menos.
Desigualdade
Na apresentação do relatório, o diretor-geral da OIT, Guy Ryder, apontou a América Latina como a região com as perspectivas mais negativas para a retomada do emprego. Uma das explicações é o impacto da Covid-19 na região, sobretudo, no Brasil, que registrou 621 mil mortes pela doença, segundo maior número do mundo, atrás somente dos Estados Unidos.
A previsão é de que os latinos apenas conseguirão voltar a ter as mesmas taxas de desemprego que registravam antes da pandemia em 2024. Em 2019, a taxa regional era de 24,3%. Em 2020, subiu para 28,8% e, em seguida, para 30,1% em 2021. Para 2022, o números de desempregados cai para 27,6%.