A Alliar Médicos à Frente, uma das maiores companhias de medicina diagnóstica do país, está sob ataque, desde que o bloco de controle assinou o contrato que prevê a venda de até 100% de suas ações. A empresa, que foi disputada por Rede D’Or e Fleury, deve passar às mãos do investidor Nelson Tanure ― que tem quase 30% de participação e, com a concretização da venda, pode ultrapassar os 80%.
Menos de 24 horas após a publicação do fato relevante sobre o contrato, assinado nesta terça-feira (21), um ativista reincidente em operações do tipo começou a usar as redes sociais para levantar suspeitas sobre a negociação, com acusações pesadas contra os acionistas controladores, o comprador e a área de Relação com Investidores da Alliar.
Vladimir Timermam, da Esh Capital, que já militou contra Smiles, Panvel e, mais recentemente, a companhia agrícola Terra Santa, publicou vários tweets se queixando de uma suposta “tentativa de pagar prêmio de controle disfarçado de opções de venda”. Apesar de o contrato assinado pelos majoritários deixar claro o compromisso do comprador com a realização da Oferta Pública de Ações (OPA) ― caso ocorra a transferência de controle ―, o ativista fala em “estratagemas” para burlar a regulamentação.
Fontes do mercado comentam que a mudança do controle dispara o Tag Along automaticamente e que, logo, não haveria “estratagemas” capazes de evitar o mecanismo. Além disso, comentam que o percentual de ações que passarão a ser detidas pelos fundos de Tanure torna a OPA não só obrigatória, mas desejável. “Faz todo o sentido que ele compre todas as ações. Há apenas 15% no mercado”, dizem.
Ainda no Twitter, Timermam indicou que não espera "ganhar dinheiro entregando as ações a 20.50" (sic) e que vai "ganhar muito dinheiro com uma ação de abuso de poder de controle". Em todas as tentativas na Justiça e na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), não se tem notícia de decisões favoráveis à Esh.
Sobre o contrato
Em agosto, Nelson Tanure firmou uma importante posição na Alliar, com a compra das ações do Pátria. Desde então, a imprensa tem dado ampla cobertura a propostas direcionadas pelo investidor ao grupo de controle. A mais recente, aceita em 26/11, prevê o pagamento de até R$20,50 por ação. Caso seja aprovada pelo Cade, a transação pode ultrapassar os R$1,2 bilhão.
Os médicos fundadores têm a opção de manter alguma participação na empresa, o que pode diminuir a quantidade de ações disponíveis para a compra. Dessa possibilidade e da própria aprovação do Cade depende a definição sobre uma realização ou não de OPA.
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Considerando as participações que Tanure já adquiriu (próxima de 30%) e uma adesão de 100% na OPA, o investimento do empresário na Alliar pode atingir R$ 2,3 bilhões, R$600 milhões a mais que o valor atual da empresa na Bolsa.
Sobre a AALR3
Em 13/08, as ações da Alliar (AALR3) estavam cotadas a R$9,44. Uma semana depois, quando foi anunciada a ampliação da participação de Tanure na companhia, o valor subiu para R$14,50.
Em outubro, o investidor propôs comprar, do bloco de controle, mais 20% do capital da companhia. Por cada uma dessas ações, Tanure pagaria R$19, o que representaria 31% de prêmios sobre a cotação do dia. Essa proposta não foi aceita, mas as ações refletiram o movimento e registraram nova alta, passando a custar R$15,09.
Um mês depois, quando as ações estavam cotadas a R$12,38, uma nova proposta de Tanure levou a uma disparada do preço, para R$17,02 – valor só superado no dia em que a última oferta, de R$20,50 por ação, foi aceita pelos acionistas que compõem o grupo de controle. Em 26/11, quando foi divulgado o aceite, a cotação passou a R$18,65.
Nesta quarta, as ações estão sendo negociadas a R$16,02.
*Com informações de Pipeline – Valor Econômico e Valor Investe