Brasil teria 27 milhões na extrema pobreza se não fosse o auxílio emergencial
Levantamento do IBGE mostra que o benefício evitou que famílias sobrevivessem com R$ 155 per capita por mês
O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou nesta sexta-feira (3) uma análise que mostra o Auxílio Emergencial como o salvador da economia em 2020. Isso porque o programa de transferência de renda evitou com que 27,3 milhões de pessoas passassem para a extrema pobreza, ou seja, sobrevivessem com R$ 155 per capita por mês.
No ano passado, mesmo com a pandemia, o percentual de pessoas nessa faixa caiu para 5,7%, o que equivale a aproximadamente 12 milhões de pessoas.
Sem o auxílio, a extrema pobreza alcançaria 12,9% em 2020, mais que o dobro do verificado na prática pelo instituto.
Em 2019, antes da pandemia, esse percentual era 6,8% maior do que o registrado em 2020. A marca de 5,7%, registrada em 2021, é a menor desde 2015 (5,1%). A série do IBGE reúne dados a partir de 2012.
A projeção faz parte da Síntese de Indicadores Sociais, publicação anual que avalia uma série de resultados nas áreas de economia, educação, habitação e saúde, informa a Folha de São Paulo.
O índice de extrema pobreza considerado foi o do Banco Mundial para países pobres, que abrange pessoas que sobrevivem com menos de US$ 1,90 por dia. Mas se fosse usado o índice para países de renda média-alta, como é o caso do Brasil, o índice seria de 24,1%, equivalente a 51 milhões de pessoas.
"Ao longo da série histórica (2012-2019), a diferença entre as taxas de pobreza e extrema pobreza, com benefícios de programas sociais e em um cenário simulado de rendimentos sem benefícios de programas sociais, oscilou entre 2,0 e 3,0 pontos percentuais. Em 2020, na ausência dos benefícios sociais, a diferença seria de 7,2 pontos percentuais para extrema pobreza e 8,0 pontos percentuais para pobreza", diz a publicação.
O levantamento também mostra amortecimento na renda domiciliar, que caiu 4,3% no ano passado, mas sem o benefício o tombo seria de 8,4%.
O IBGE também ressalta melhora no índice de Gini, que mede a disparidade entre os ganhos de pobres e ricos. O indicador recuou em 2020 para 0,524, mesmo patamar de 2015 e o menor da série iniciada em 2012. Sem o auxílio emergencial teria chegado a 0,573.
Reduziu tombo do PIB
Um estudo do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made) , sediado na Universidade de São Paulo (FEA/USP), afirma que se o valor fosse de R$ 200, como propôs o governo federal, a queda do indicador seria entre 8,4% e 14,8%. Graças aos R$ 600 obtidos em negociação com o Congresso, a queda observada em 2020 foi de 4,1%, afirma o estudo.
O FMI (Fundo Monetário Internacional) também elogiou o programa de transferência de renda , mas ressaltou que seu fim poderia acelerar a degradação dos indicadores sociais.
"As transferências emergenciais de dinheiro acabarão expirando e, na ausência de um fortalecimento permanente da rede de proteção social, a pobreza e a desigualdade podem se agravar", diz.