FMI lamenta mortes por Covid e mostra preocupação com fim do auxílio emergencial
Organização elogia a resposta econômico do Brasil à pandemia
O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou uma nota nesta quarta-feira (22) reforçando que, apesar das mais de 550 mil mortes, a economia brasileira conseguiu recuperar o patamar pré-pandemia de Covid-19, muito por conta da implementação do auxílio emergencial. A organização espera um crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro de 5,3% em 2021 e ressalta o momento favorável graças a "um crescimento robusto do crédito ao setor privado".
"Tragicamente, a pandemia COVID-19 já custou a vida a mais de 550.000 brasileiros. Os novos bloqueios após uma segunda onda grave de COVID-19 no início deste ano e o lançamento da vacinação ajudaram a reduzir as infecções desde abril, com novos casos diários de COVID-19 e mortes diminuindo significativamente seus picos. O governo adquiriu doses suficientes para inocular a população adulta em 2021, com a população mais vulnerável prevista para ser totalmente inoculada até o final do ano", afirma o texto.
Como justificativa para a expectativa de crescimento do PIB, o fundo menciona a melhoria da poupança familiar e a demanda reprimida que devem impulsionar o consumo. Além disso, a organização confia na queda da inflação "em direção ao ponto médio do intervalo da meta até o final de 2022".
O fim do auxílio emergencial, previsto para novembro, e a indefinição quanto ao Auxílio Brasil também aumenta o cenário de incertezas, principalmente em relação ao aumento da miséria.
"As transferências emergenciais de dinheiro acabarão expirando e, na ausência de um fortalecimento permanente da rede de proteção social, a pobreza e a desigualdade podem se agravar", diz a nota.
Evitou tombo do PIB
Os Diretores Executivos elogiaram as autoridades brasileiras por sua resposta política decisiva ao choque COVID-19, que reduziu significativamente a gravidade da recessão de 2020 e amorteceu seu impacto sobre os pobres e vulneráveis, ao mesmo tempo em que preparou o terreno para uma forte recuperação em 2021.
Um estudo do Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made), sediado na Universidade de São Paulo (FEA/USP), afirma que se o valor fosse de R$ 200, como propôs o governo federal, a queda do indicador seria entre 8,4% e 14,8%. Graças aos R$ 600 obtidos em negociação com o Congresso, a queda observada em 2020 foi de 4,1%, afirma o estudo.
"Nossas simulações indicam que, com um gasto equivalente a 4,1% do PIB de 2020, o Auxílio foi responsável por evitar que nossa economia caísse entre 8,4% e 14,8% do ano passado", afirma a nota.
Desafios
Mesmo diante de cenário otimista, com expectativa de redução da relação dívida pública/PIB e cenário animador para a criação de empregos, os principais desafios permanecem.
"A depreciação da moeda e um aumento nos preços das commodities impulsionaram a inflação global e as expectativas de inflação. O mercado de trabalho está atrasado em relação à recuperação da produção e a taxa de desemprego é elevada, especialmente entre jovens, mulheres e negros" reforça o FMI.