Auxílio Brasil: recebedores reclamam de valor menor que Bolsa Família
Apesar dos relatos, o Ministério da Cidadania informou que "não há redução nos valores dos benefícios com a migração do Bolsa Família para o Auxílio Brasil"
Embora o governo federal tenha prometido que os contemplados pelo Auxílio Brasil não teriam o valor do benefício reduzido, muitos trabalhadores estão usando as redes sociais para reclamar do pagamento da primeira parcela neste mês, que termina nesta terça-feira (dia 30). Em alguns casos, os beneficiários dizem que o valor recebido agora foi menor do que o montante original do Bolsa Família.
Além disso, apesar de o Ministério da Cidadania informar que o benefício médio pago às famílias passou de R$ 186,68, em outubro, para R$ 224,41, em novembro, o valor da parcela para mães chefes de família não passou de R$ 65, em alguns casos.
Mãe de um bebê com menos de 1 ano, a desempregada Ana Rosa Novaes, de 22, moradora de Salinas (MG), recebia R$ 212 de Bolsa Família. Durante o pagamento do auxílio emergencial, o valor no ano passado foi de R$ 600; Este ano, de R$ 250. Agora, ao verificar o extrato de pagamento do Auxílio Brasil, percebeu que só teria direito a R$ 149:
"Estou muito revoltada que o dinheiro diminuiu. O pagamento reduziu bastante, e só peguei R$ 149. Cheguei a procurar o Cras (Centro de Referência de Assistência Social) da minha cidade. Só disseram que o valor era esse mesmo, de R$ 149. Até cheguei ligar para a central de atendimento do ministério (da Cidadania). Eles disseram que iam ver o motivo e me enviar um e-mail, mas até hoje nada. Fiquei sem saber motivo. As coisas estão muito difíceis. Tudo caro" diz Ana Rosa.
Desempregada e mãe de uma menina de 3 anos, Gisele Rozado, de 27 anos, recebeu R$ 65. Gisele, que é chefe de família, teve direito ao valor de R$ 1.200, na primeira fase do auxílio emergencial em 2020. Depois, o benefício foi para R$ 600, e este ano R$ 375. O valor original do Bolsa Família era de R$ 41. Pelo Auxílio Brasil, este mês ela passou a receber R$ 65, o que gerou frustração.
"Eu acho injusto. Infelizmente, minha filha está gripada e agora preciso contar com a ajuda da família. No Cras, disseram que o valor é baseado na renda informada na hora que faz o cadastro", afirma Gisele.
Sobre o caso de Gisele Rozado, o Ministério da Cidadania informou que a "renda per capita declarada da família da cidadã em outubro foi de R$ 102,00, valor acima da linha de extrema pobreza". Segundo a nota, Gisele recebia, com o Bolsa Família, um benefício de R$ 41,00, que passou para R$ 65,00 com o Auxílio Brasil, reajuste de 58,5% — "trata-se do Benefício Composição Familiar, pago a famílias com gestantes ou pessoas de três a 21 anos". O caso de Ana Rosa, segundo o Ministério da Cidadania, só poderia ser respondido com número do CPF ou NIS, mas a beneficiária preferiu não informar os dados.
Em outro caso, uma benefíciária conta que o valor do seu Bolsa Família era de R$ 268, mas que agora com a primeira parcela do Auxílio Brasil caiu para R$ 149:
Em outro relato, a beneficiária diz que o valor do benefício do Auxílio Brasil será de R$ 149, mas antes quando recebia o Bolsa Família o pagamento mensal era de R$ 170. Durante o período do auxílio emergencial, ela recebeu R$ 250 mensais este ano.
Mãe de três filhos, uma mulher diz que recebeu R$ 65 do Auxílio Brasil. No caso dela, o valor do Bolsa Família era de R$ 41.
O que diz o governo:
Apesar dos relatos, o Ministério da Cidadania informou por meio de nota que "não há redução nos valores dos benefícios com a migração do Bolsa Família para o Auxílio Brasil". Neste mês, foram contempladas pelo Auxílio Brasil, segundo a pasta, foram contempladas 14,5 milhões de famílias de todo o país, o que representa um repasse da ordem de R$ 3,5 bilhões. Foram atendidas automaticamente os beneficiários do extinto Programa Bolsa Família (PBF) que estavam na folha de pagamento de outubro, "com exceção daqueles em que foi verificado descumprimento das regras de gestão desse programa".
Segundo o ministério, "além do reajuste no tíquete médio, anunciado neste mês, o novo programa prevê ainda o pagamento do Benefício Compensatório de Transição para as famílias que teriam o valor reduzido em decorrência do enquadramento na nova estrutura. Esse adicional será pago até que haja aumento dos benefícios recebidos". O governo ressaltou que o reajuste foi aplicado no benefício referente ao Bolsa Família e não ao auxílio emergencial. De acordo com dados do governo, o benefício médio pago às famílias passou de R$ 186,68, no último mês, para R$ 224,41 em novembro.
Segundo o ministério, neste mês, 5,7 milhões de beneficiários de todo o país receberam o Benefício Compensatório de Transição, que soma mais de R$ 263,9 milhões em repasse.
O Ministério da Cidadania disse ainda que outros casos específicos só poderiam ser analisados com as informações sobre os cidadãos como nome completo, NIS e CPF.
Em dezembro, os pagamentos serão realizados entre os dias 10 e 23, de acordo com o número do NIS. O governo espera atender cerca de 17 milhões de famílias, "o que corresponde ao público já habilitado e outras famílias que atenderem aos critérios de elegibilidade do programa".