A edição desta semana da influente revista britânica The Economist traz um artigo com o título “Following the money” (“Seguindo o dinheiro”) no qual decreta: “Jair Bolsonaro é ruim para a economia do Brasil”.
O texto, ilustrado com um desenho no qual Bolsonaro é retratado com uma torneira no nariz por onde deixa escapar moedas de real, relembra que o ministro da Economia, Paulo Guedes, prometera, em setembro de 2019, “fazer história” ao manter sob controle as contas públicas.
Agora, diz a publicação, Guedes apoia uma tentativa do governo de driblar o marco legal do teto de gastos, que limita o crescimento das despesas públicas, por meio da PEC dos Precatórios.
Para a revista, o teto criado em 2016 foi crucial para reorganizar as finanças do país, mas Guedes e Bolsonaro estão trazendo de volta não apenas o que o artigo chama de “incontinência fiscal”.
A Economist também lista a inflação crescente, altas taxas de juros e baixo crescimento econômico como "doenças" que têm acometido a economia brasileira sob a liderança do atual presidente.
A revista lembra que a aliança, em 2018, entre Bolsonaro e o economista de viés liberal Paulo Guedes exerceu um papel importante na persuasão de lideranças do mundo dos negócios a votar “num ex-oficial militar da extrema direita que nunca havia demonstrado nenhum interesse anterior pelo liberalismo”.
O texto registra que, apesar das promessas de Guedes de promover reformas radicais para acabar com a ineficiência do Estado, o ministro não conseguiu ir além dos ganhos com a reforma da Previdência, a independência do Banco Central e pequenas simplificações regulatórias.
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Bolsonaro é descrito como um governante que deixou de lado o ímpeto reformista de Guedes para “comprar apoio político e popularidade” com mais gastos públicos.
A aliança do presidente com o centrão é definida como uma forma de o presidente escapar do impeachment diante das evidências de sua má gestão da pandemia no país. E as emendas de relator do chamado orçamento secreto são mencionadas como parte deste relacionamento.
Em busca da popularidade perdida
A revista observa que Bolsonaro conseguiu melhorar sua popularidade com o pagamento do auxílio emergencial, mas perdeu aprovação com a redução e retirada do benefício este ano. Por isso estaria interessado em financiar um robusto Auxílio Brasil para substituir o Bolsa Família.
O artigo termina levantando dúvidas sobre a aprovação da PEC dos Precatórios no Senado, argumentando que qualquer resultado deixará sob suspeita a política fiscal do governo. E cita a debandada de quatro secretários da equipe de Guedes após o acordo que selou a inclusão da mudança no teto de gastos na PEC dos Precatórios.
A Economist cita a opinião da economista Zeina Latif, do GLOBO, de que a preocupação dos agentes econômicos com a política fiscal é o principal combustível da inflação no Brasil.
O texto conclui que o enfraquecimento do teto de gastos “mostra que o senhor Bolsonaro não é apenas ruim para o meio ambiente, para direitos humanos e para a democracia, mas também para a economia brasileira”.