Brasileiros vão à Argentina para abastecer tanque pela metade do preço
Proprietário de posto disse que 90% de seus clientes na última semana eram brasileiros; alguns postos registaram falta de combustíveis
A Ponte Tancredo Neves, que divide as cidades de Foz do Iguaçu (PR) e Porto Iguaçu, na Argentina, é tomada de brasileiros que tentam cruzar a fronteira. Ao chegar na cidade argentina, postos de combustíveis completamente lotados e desabastecimento em algumas bombas. Greve dos caminhoneiros? Não, são brasileiros cruzando a fronteira em busca de combustível mais barato.
Em meio as fortes altas no preço dos combustíveis e a possibilidade de greve dos caminhoneiros, motoristas de aplicativos, taxistas e até quem usa o carro para passeio aproveitam o desconto nos postos argentinos. Enquanto no Brasil a média no preço da gasolina gira em R$ 6,50, na Argentina o valor é menos da metade: R$ 3,10.
O gerente um posto contou à RPC, afiliada da Rede Globo no Paraná, que 90% de seus clientes na última semana eram brasileiros. A alta demanda provocou desabastecimento em algumas bombas.
Houve até turista que aproveitou a brecha para abastecer no país vizinho. A Andreia Ribeiro mora no interior de São Paulo e decidiu ir à Foz do Iguaçu para curtir os dias de folga. Quando viu o preço do combustível no país vizinho, logo correu para aproveitar o 'desconto'.
"Nós somos de Ribeirão Preto e viemos abastecer por conta do diferencial do valor. Viajamos 10 minutos de Foz para cá e conseguimos abastecer pela metade do preço. Vamos embora com o tanque cheio", disse à RPC.
O motivo da diferença do preço entre os países está na política de preços dos combustíveis. No Brasil, o cálculo do combustível leva em consideração o preço do dólar e o valor do barril de petróleo no mercado internacional. A medida, adotada em 2016, fez com que a gasolina apresentasse reajuste superior a 70% em 2021.
O último reajuste nos combustíveis aconteceu na terça-feira (26). A gasolina apresentou crescimento de 7% nas refinarias, enquanto o diesel teve alta de 9%.
O presidente da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, já afirmou que não irá alterar o cálculo de reajuste dos combustíveis, enquanto o presidente Jair Bolsonaro informou que não pretende interferir nos preços praticados pela estatal.