Três dos quatro secretários do Ministério da Economia que pediram demissão na última quinta-feira fazem parte de conselhos da Petrobras, Transpetro, Banco do Brasil e Ativos S.A. Além dos salários que recebem com as funções que tinham na pasta, eles também recebem jetons para participar das reuniões dos conselhos, seja como titulares, com remunerações fixas, seja como suplentes, sendo remunerados pelas reuniões de que participam.
De saída da secretaria especial do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt é um dos cinco conselheiros fiscais titulares da Petrobras com direito a um jetom anual de R$ 247 mil.
A Petrobras tem R$ 1.235.599,05 para remunerar seus cinco conselheiros no período de abril de 2021 e março de 2022, de acordo com a ata da Assembleia Geral de 14 de abril deste ano.
Jeferson Luis Bittencourt é economista e mestre em Ciências Econômicas pela UFRGS. Já atuou no setor privado como assessor econômico, consultor e professor universitário. No governo, foi também secretário adjunto na Secretaria de Fazenda e assessor especial do ministro da Economia.
Outra demissionária que também integra conselhos de estatais é Gildenora Batista Dantas Milhomem. Ex-secretária especial adjunta do Tesouro e Orçamento, Gildenora é titular do conselho fiscal da Transpetro e suplente do conselho fiscal da Petrobras.
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Pela Transpetro, ela recebeu em maio R$10.003,42 de jeton, como consta no Portal da Transparência. Já a Petrobras remunera os conselheiros suplentes só pelas reuniões que participam. Em agosto, Gildenora recebeu R$ 9.287,19 da Petrobras, também de acordo com a o Portal da Transparência.
Funchal era um técnico
Ex-secretário adjunto do Tesouro Nacional, Rafael Araújo, que também pediu exoneração na última quinta, é titular do conselho fiscal do Banco do Brasil e suplente do Ativos S.A Gestão de Cobrança e Recuperação de Crédito.
Pelo Banco do Brasil, Rafael recebe mensalmente só de jetons R$ 5.934,74, segundo consta no Portal da Transparência. Já a remuneração da Ativos S.A. não foi informada até a publicação da matéria.
Os secretários foram indicados aos conselhos pelo Ministério da Economia, que pode substituí-los já que não ocupam mais os cargos no governo. Procurado, o ministério ainda não informou se fará a troca dos conselheiros.
Jeferson Bittencourt, Gildenora Batista Dantas Milhomem e Rafael Araújo pediram demissão na última quinta-feira após a crise aberta no governo pelo plano de criar em novembro o Auxílio Brasil no valor de R$ 400 para substituir o Bolsa Família.
A medida, que deve durar até o fim de 2022, ano em que o presidente Jair Bolsonaro pretende disputar a reeleição, custará cerca de R$ 30 bilhões fora do teto de gastos, que limita o crescimento das contas públicas.
Além dos três, Bruno Funchal também pediu demissão da Secretaria Especial do Tesouro Nacional. Porém, ele não ocupa conselhos, segundo dados abertos das estatais.