O ministro da Economia, Paulo Guedes, continuará no governo federal pelo menos até os próximos meses. A confirmação aconteceu em entrevista coletiva realizada na tarde desta sexta-feira (22), ao lado do presidente Jair Bolsonaro, na sede do Ministério da Economia.
Até o começo desta sexta, havia especulação sobre a possibilidade de saída do ministro, após a debandada de sua equipe na última quinta-feira (21). Dois de seus principais secretários, Bruno Funchal (Orçamento) e Jeferson Bittencourt (Tesouro Nacional), deixaram a pasta. Outros dois secretários adjuntos também pediram demissão.
A saída dos secretários aconteceu após desavenças sobre o pagamento do novo programa social do governo federal. A ala política quer o benefício em R$ 400 enquanto a equipe econômica diz que poderá gastar apenas R$ 300.
Uma das sugestões de apoiadores de Bolsonaro era usar os R$ 300 dentro do Orçamento do Bolsa Família e um auxílio temporário de R$ 100 até dezembro de 2022 contabilizado fora do teto de gastos. A proposta causou reboliço no mercado financeiro e culminou na demissão dos secretários de Paulo Guedes.
O ministro informou que não pediu demissão em nenhum momento e ressaltou não ter recebido ameaças de Bolsonaro. Guedes aproveitou para alfinetar ministros que pressionam o Planalto para demiti-lo.
“Em nenhum momento eu pedi demissão, em nenhum momento o presidente insinuou qualquer coisa nesse sentido”, disse Guedes.
"Teve uma ala política que andou indo lá no André Esteves do BTG perguntando se o Paulo Guedes sair quem é que a gente pode botar lá? Dá pra emprestar o Mansueto [Almeida]. Sei que o presidente não pediu isso porque acredito que ele confia em mim e eu confio nele", completou.
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Na coletiva, Bolsonaro e Guedes fizeram um histórico sobre o Auxílio Brasil e valor dos combustíveis. O ministro da Economia lembrou que as negociações precisariam pesar entre os desejos políticos e a possibilidade de gasto da União em 2022.
"O mérito de um bom presidente é saber pesar as duas coisas. Então tem uma ala política que pede vamos dar um auxílio de R$ 500, R$ 600, R$ 700. E tem uma ala econômica que fala olha só temo até R$ 200. O teto é só até R$ 300. Ora, deve haver uma linha do meio".
Mas logo Guedes fez questão de minimizar as saídas de Funchal e Bittencourt e afirmou ser 'normal' o pedido de demissão deles.
"Os nossos secretários que pediram para sair, é natural. O jovem é secretário do tesouro, está tomando conta lá do tesouro, o outro é secretário da fazenda, tomando conta da fazenda, eles querem que fique nos R$ 300, que fique dentro do Teto", disse.
Na coletiva, Paulo Guedes afirmou que consegue segurar as reações fiscais caso haja necessidade de estourar o teto de gastos. Com a declaração, o ministro confirmou indiretamente que o Auxílio Brasil terá parcelas de R$ 400, com possibilidade de contabilizar o auxílio temporário fora das regras do teto.
A fala é considerada uma vitória para a ala política, responsável por articular e pressionar Guedes durante a semana para viabilizar um benefício maior, visando as eleições de 2022.
"Poderia ter sido feito dentro das regras atuais apenas dizendo que preciso de uma licença pra gastar mais R$ 30 bilhões, porque em vez de R$ 300 que cabia no teto, vão sair R$ 400. A economia brasileira é forte vigorosa o suficiente, estamos fazendo um ajuste forte suficiente para segurar isso. Eu seguro isso. Eu não tenho problema com isso. Eu posso tirar oito de fiscal, tirar sete em fiscal. Ninguém fez o que nós fizemos", declarou.