O pedido de demissão do secretário especial do Tesouro e Orçamento, Bruno Funchal, e do secretário do Tesouro Nacional, Jeferson Bittencourt, aumentaram a tensão do mercado internacional em relação a ativos brasileiros. Investidores estrangeiros já vinham reagindo mal à proposta de estourar o teto de gastos para bancar o Auxílio Brasil, novo programa de transferência de renda do governo federal.
Na Bolsa de Nova York, o MSCI Brazil Capped, um ETF (fundo de ações) com os principais papéis brasileiros cai quase 5% no fim da tarde desta quinta-feira. Os ADRs (recibos de ações) da Petrobras despencam quase 6% na bolsa americana.
Além da debandada do Ministério da Economia, o resultado é uma resposta às declarações do ministro Paulo Guedes, que admitiu o estouro do teto de gastos para financiar o Auxílio Brasil de R$ 400, segundo analistas.
Todos os ativos brasileiros operam com fortes quedas na Bolsa de Nova York. Os ADRs do Banco do Brasil recuam mais de 6%, enquanto os papéis do Bradesco negociados no pregão americano caem mais de 3%.
O analista da Senso Corretora, João Frota, observa que a perspectiva de que o atual regime fiscal deve ser flexibilizado para comportar mais gastos do governo assusta os investidores.
"As declarações do ministro Paulo Guedes admitindo que R$ 39 bilhões do Auxílio Brasil ficarão fora teto dispararam um forte movimento de aversão ao risco em relação ao Brasil", diz Frota.
Analistas já observavam sangria do mercado após o governo admitir que vai estourar o teto de gastos para financiar o programa social. O pedido de exoneração de integrantes da equipe econômica aumentou a tensão.
A Bolsa brasileira operou com forte queda durante todo o dia refletindo o mau humor dos investidores. O Ibovespa, principal índice do mercado de ações brasileiro fechou com queda de 2,75% aos 107,7 mil pontos. O pregão fechou antes da divulgação da notícia da saída de Funchal e Bitencourt.