Não faz sentido o mercado entrar em crise por gastos fora do teto, diz Onyx
Ministro do Trabalho e Previdência disse que o mercado tem "percepções equivocadas"
O ministro do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, minimizou a reação do mercado financeiro à possibilidade de novos gastos fora do teto para bancar o Auxílio Brasil de R$ 400. Ontem a Bolsa despencou mais de 3% e o dólar comercial terminou o dia em R$ 5,5944, com alta de 1,36%. Este é o maior valor de fechamento desde 15 de abril, quando o câmbio fechou em R$ 5,6241.
Para Onyx, não há motivo para se preocupar, tendo em vista que em 2020 o gasto foi muito maior.
"O Auxílio Brasil tem previstos para o Orçamento do ano que vem R$ 36 bilhões. Se eventualmente precisar mais R$ 30, ou mais R$ 20, ou mais R$ 40 bilhões para dar essa assistência às 17 milhões de famílias, a minha pergunta é: o Brasil em 2020 gastou R$ 700 bilhões e não teve nenhuma crise no mercado, para gastar, talvez, 5% disso, nem isso, menos do que isso, nós vamos ter crise no mercado? Não faz sentido", afirmou o ministro em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta quarta-feira, 20.
O ministro argumentou que a queda dos indicadores econômicos se deu porque, por vezes, o mercado tem "percepções equivocadas" por não saber as informações corretas. Para amenizar, Onyx disse ainda na entrevista que "não vai ser feito nada que vai colocar em risco as contas brasileiras".
Especula-se que aproximadamente R$ 40 bilhões fiquem fora do teto de gastos para bancar o aumento do benefício, inicialmente previsto em R$ 300, para R$ 400. Apesar da preocupação, o ministro afirmou que a equipe econômica está trabalhando para garantir fontes "respeitando os princípios do equilíbrio do teto de gastos e buscando sempre a melhor recuperação para a economia brasileira".
Ele culpa o excesso de regras e um orçamento "ultraengessado". E isso é um equívoco que nós, pela prevalência das ideias socialistas no Brasil pelo perfil dos governos esquerdistas que nos antecederam, acabamos engessando desnecessariamente o orçamento brasileiro", avalia. "Então a margem de flexibilização é muito estreita."
Na linha de Mourão
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta quarta-feira que não vê problemas na possibilidade de que parte do valor do Auxílio Brasil, programa social que o governo quer criar para substituir o Bolsa Família , seja pago fora do teto de gastos, desde que isso seja comunicado com transparência e aprovado pelo Congresso. Mourão minimizou a reação negativo de investidores e afirmou que a "questão social é uma responsabilidade do governo, e não do mercado".
"Qualquer coisa que se queira fora do teto o Congresso tem que se votar", disse Mourão, ao chegar no Palácio do Planalto. "Se acertasse, "nós precisamos durante um ano ter um gasto extrateto de X", os representantes da sociedade, que são os parlamentares, (dizem) "ok, vamos aprovar isso aí", pronto, não vejo problema."