"Não podemos ser escravos do mercado", diz Mourão sobre Auxílio Brasil
Vice-presidente afirmou não ver problema na possibilidade de parte do programa ser paga fora do teto de gastos, desde que Congresso aprove
O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta quarta-feira que não vê problemas na possibilidade de que parte do valor do Auxílio Brasil, programa social que o governo quer criar para substituir o Bolsa Família, seja pago fora do teto de gastos, desde que isso seja comunicado com transparência e aprovado pelo Congresso. Mourão minimizou a reação negativo de investidores e afirmou que a "questão social é uma responsabilidade do governo, e não do mercado".
"Qualquer coisa que se queira fora do teto o Congresso tem que se votar", disse Mourão, ao chegar no Palácio do Planalto. "Se acertasse, "nós precisamos durante um ano ter um gasto extrateto de X", os representantes da sociedade, que são os parlamentares, (dizem) "ok, vamos aprovar isso aí", pronto, não vejo problema."
Sobre a reação do mercado, que levou a Bolsa a cair mais de 3% e o dólar a subir 1,36%, Mourão afirmou que o governo não pode ser "escravo" do mercado:
"Não podemos ser escravos do mercado. A questão social é uma responsabilidade do governo, e não do mercado. Apesar de algumas doutrinas dizerem que o mercado resolve tudo, mas não é bem assim que ocorre. Acho que se houver uma transparência total na forma como o gasto vai ser executado, e de onde vai vir o recurso, acho que o mercado não vai ficar agitado por causa disso."
Integrantes do Ministério da Economia preveem uma despesa de cerca de R$ 30 bilhões fora do teto de gastos no próximo ano para bancar o benefício de R$ 400 do Auxílio Brasil ao longo de 2022, ano em que o presidente Jair Bolsonaro irá disputar a reeleição.