Nubank fecha semestre com lucro pela primeira vez em sua história

Fintech informou que lucrou R$ 76 milhões no primeiro semestre do ano, após prejuízo de R$ 230 milhões em 2020

Nubank teve seu primeiro lucro na história
Foto: Bruno Ignacio
Nubank teve seu primeiro lucro na história

O Nubank, maior fintech brasileira, anunciou nesta quarta-feira (13) que teve o primeiro lucro de sua história. Segundo dados divulgados pela empresa, fundada em 2018, no primeiro semestre deste ano, o lucro líquido foi de R$ 76 milhões no Brasil. O valor será utilizado para reinvestimento em novos produtos e serviços e não será distribuído aos acionistas, informou o Nubank.

"Próximo de realizar sua abertura de capital (IPO, na sigla em inglês) sempre é bom mostrar aos investidores um número positivo, mesmo que pequeno", diz João Frota, analista da Senso Corretora e especialista em sistema financeiro.

Segundo se especula no mercado, o Nubank vem se preparando para oferecer suas ações na Nasdaq, a bolsa americana de empresas de tecnologia, com expectativa de captar US$ 3 bilhões. O IPO (na sigla em inglês initial public offering ) deve acontecer em breve.

No ano passado, a fintech anunciou um prejuízo de R$ 230 milhões, 26% menor que o prejuízo de 2019, que havia ficado em R$ 312 milhões em 2019. Em suas demonstrações financeiras, o Nubank justificava os números vermelhos como parte de sua estratégia de crescimento. E mesmo com o lucro mantém a estratégia de continuar investindo em seu crescimento.

"Já comentamos antes, mas não custa reforçar: o prejuízo é uma decisão, e por isso esperado como parte da estratégia de crescimento no momento. Escolhemos investir na empresa, nas pessoas e no desenvolvimento de novas tecnologias para continuar entregando a melhor experiência aos nossos clientes", justificava a fintech.

O banco deixou claro que os números positivos apresentados se referem somente às operações no Brasil, concentradas na Nu Pagamentos, uma instituição de pagamentos e nas suas subsidiárias. O resultado não inclui as operações do controlador, a Nu Holdings, ou as operações das suas subsidiárias no México e na Colômbia.

Segundo o Nubank, no período, as receitas de intermediação financeira no Brasil atingiram aproximadamente R$ 4 bilhões, um crescimento de 91% em relação ao primeiro semestre de 2020. Já o resultado do banco vindo dessa intermediação financeira atingiu R$ 1,8 bilhão, um crescimento de 98% em relação ao mesmo período do ano passado.

"O fato de o resultado de intermediação financeira ter crescido em um ritmo superior ao das receitas de intermediação financeira significa que a nossa margem segue expandindo – ela passou de 45% para 47% do primeiro semestre de 2020 para o primeiro semestre de 2021", escreveu o vice-presidente financeiro do Nubank, Guilherme Lago, no blog da instituição.

Ainda segundo o Nubank, são mais de 41 milhões de clientes no Brasil ao final de junho, um aumento de 25% em relação ao semestre passado, e de 60% nos últimos 12 meses. Isso significa, em média, mais de 40 mil novos clientes por dia.

O chamado “volume de compras” também cresceu, diz a instituição. As transações com cartões movimentaram R$ 92 bilhões no período, um crescimento de 105% em relação ao mesmo período do ano passado.

"Os bancos digitais e as empresas de tecnologia geraram prejuízos durante 10 anos e os papéis subiram nas bolsas americanas. Essa é a lógica: elas geram caixa, que vai para investimento em tecnologia", diz Frota.

Especialistas afirmam que mesmo sem apresentar números positivos, o Nubank continua sendo atrativo aos investidores pelo potencial de crescimento. Este ano, até o primeiro semestre, a fintech obteve US$ 1,15 bilhão em recursos, maior captação feita por uma fintech na América Latina.

Desse total, pelo menos US$ 750 milhões vieram da Berkshire Hathaway, do megainvestidor Warren Buffett. Com esse aporte, o Nubank foi avaliado com valor de mercado de R$ 152 bilhões, colocando a instituição entre os cinco maiores bancos do país.

Essa equivalência aos grandes bancos provocou críticas da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) em setembro passado. A instituição, que representa os grandes bancos, publicou em uma rede social que "o Nubank, que tem cara, porte, produtos e até nome de banco, prefere não se dizer banco, mas cobra juros mais altos dos seus clientes do que a média dos cinco ou 10 grandes bancos brasileiros", escreveu a Febraban no post.

A crítica aconteceu depois que a Zetta, associação fundada pelo Nubank, Mercado Pago e Google, publicou em seu perfil trechos de uma reportagem do jornal Valor com o título "Tarifas dos grandes bancos saltam acima da inflação durante a pandemia". Segundo a postagem da Febraban, na última semana de agosto, a taxa média do juro do cartão rotativo do Nubank era de 291,67% ao ano, maior que a média dos 5 maiores bancos, de 271,68%". A Febraban citou dados do Banco Central. À época, o Nubank não se manifestou sobre a publicação da Febraban.