Tereza Cristina alerta que "tempestade perfeita" pode provocar desabastecimento
Falta de fertilizantes pode impactar safra de 2022
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, concedeu entrevista à rádio Bandeirantes nesta segunda-feira (11) e alertou que o Brasil pode sofrer com desabastecimento em 2022. Segundo ela, a causa seria a falta de fertilizantes que impacta a economia global.
A ministra disse que ocorreu uma "tempestade perfeita" com a alta do dólar, problemas na produção em fábricas da China e das sanções econômicas internacionais aplicadas na Bielorrússia, grandes fornecedores do insumo.
“A pandemia desarrumou a economia mundial. Nós temos aí muitas variáveis que nos preocupam e a gente vem acompanhando isso muito de perto. Fertilizantes para esse ano e para a ”safrinha", que começa a partir do fim de janeiro, isso está praticamente garantido porque os produtores já se anteciparam, já compraram e fizeram seus pedidos", disse.
Cristina, no entanto, disse que o Brasil fará de tudo para evitar a falta dos fertilizantes. A safra mais afetada, que começou a ser plantada em setembro deste ano, não deve sofrer redução por ter os insumos já garantidos para 2022/23.
Ela também foi perguntada sobre o preço dos alimentos, e justificou que a pandemia elevou o câmbio e aumentou a oferta em mercados externos.
“Primeiro, nós temos que trabalhar na manutenção do abastecimento. A não ser que a gente tenha uma catástrofe climática, o que eu não acredito, os indicadores de chuva mostra que nós teremos seca sim, mas teremos chuvas suficientes para produzir. Como o Brasil é um continente, as vezes a gente tem algumas perdas pontuais em alguns estados, mas a gente acaba compensando em outras regiões”, analisou.
Sobre a participação do Brasil na Cúpula do Clima (COP 26) das Nações Unidas, em Glasgow, na Escócia, no início de novembro, ela prevê a projeção de uma imagem positiva do país. Cristina alegou que há "má vontade" com o Brasil, mas que as críticas são injustificáveis, já que a agricultura brasileira é "altamente sustentável".
“Existe uma má vontade enorme conosco. Nós temos problemas? Claro que temos, eles [os europeus] também têm grandes problemas a serem resolvidos internamente. E o problema deles é mais difícil e mais caro a ser resolvido porque são as emissões [de gases] porque trabalham com [combustíveis] fósseis, petróleo, carvão”, pontuou, dizendo que a Europa tem muito a ganhar com o acordo comercial com o bloco.