Presidente do Banco Central nega ajuste de meta da inflação

Para Campos Neto, preços precisam ser estabilizados e a elevação da meta atual de inflação afeta credibilidade do BC

Campos Neto discorda de ajuste da meta de inflação
Foto: ESTADÃO CONTEÚDO
Campos Neto discorda de ajuste da meta de inflação

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira (1º) que não concorda com a fixação de uma "meta ajustada" de inflação para 2022, que elevaria a meta atual. Ele avaliou que isso afetaria a credibilidade do BC.

O Banco Central define a taxa básica de juros (Selic) com base no sistema de metas. Quando as previsões para a inflação estão alinhadas ou abaixo das metas, o BC pode reduzir os juros. Quando as estimativas estão acima do esperado, a Selic é elevada.

A elevação da Selic, encarece empréstimos e afeta o crescimento da economia.
"Não acreditamos em metas ajustadas, acreditamos em atingir as metas. A Selic estará onde tiver de estar para atingir a meta. Metas ajustadas afetam a credibilidade. Não acreditamos que essa é a forma de fazer isso", declarou, durante videoconferência.

"Faremos o que precisa ser feito. A alta nos juros, para trazer a inflação para a meta em 2022 e 2023", afirmou o presidente do BC, acrescentando que, em sua visão, a estabilização de preços é o melhor caminho para o crescimento sustentável da economia.

A inflação está disparada, já atinge 9,68% nos últimos 12 meses até agosto. Com isso, alguns analistas defendem a elevação da meta de inflação para 2022, hoje definida em 3,5%.

Alta da Selic

Após cinco altas seguidas, a taxa básica de juros está em 6,25% ao ano, o maior patamar em dois anos. O BC pretende promover um novo aumento de um ponto percentual no fim de outubro, o que resultaria em uma taxa de 7,25% ao ano.

A expectativa dos economistas dos bancos até a semana passada, segundo pesquisa realizada pelo Banco Central, é de que a taxa Selic continue avançando nos próximos meses, e que atinja 8,25% ao ano em 2021 e 8,5% ao final de 2022.