Represas já operam com nível abaixo do pré-apagão
O volume total de água nos reservatórios das principais hidrelétricas brasileiras atingiu 18,23%. Em 2000, ano que precedeu o blecaute, o patamar era de 21,76%
Os reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste, responsáveis por mais da metade da geração de energia elétrica do país, já operam com o menor nível de armazenamento de água desde 2001 - quando aconteceu o maior racionamento da história do Brasil. Segundo dados do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), em 15 de setembro, o volume total de água nas represas era de 18,23%.
Há 20 anos, o governo federal teve que recorrer a apagões elétricos programados para evitar o colapso do sistema de geração de energia brasileiro. Em 2000, ano que precedeu os blecautes, as represas funcionavam com 20,8% da capacidade de armazenamento. Já em 2001, já com o programa de redução compulsória de energia, o nível era de 21,76%.
A estimativa da ONS é de que a porcentagem atual deve continuar em queda até novembro - quando pode romper a barreira de 10%. Algumas hidrelétricas já operam em patamares preocupantes. A usina de Ilha Solteira, a maior do Estado de São Paulo, atingiu o volume morto nesta semana. Segundo o site da ONS, o reservatório já registra -1,45% de armazenamento de água. A situação também é grave na Três Irmãos, cujo volume útil atingiu 1,98%.
Em agosto, o governo definiu regras para o início do programa de racionamento de energia destinado a grandes consumidores . O objetivo é diminuir a demanda em horários de pico para diminuir os riscos de apagões. Em contrapartida, as empresas recebem compensação financeira. A redução deve ser de 237 MW, mas isso ainda é pouco comparada à necessidade do país, de 4 mil MW.
Como contrapartida à falta de chuvas, outra medida que vem sendo adotada é o acionamento das termelétricas - que operam a partir da queima de combustíveis fósseis. Os resultados disso já podem ser observados: em julho, essas usinas bateram recorde na geração de energia do país
, com 18.625 MWmed produzidos. Além disso, na última quinta-feira (16), a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), autorizou o início das operações da segunda maior térmica do Brasil, a GNA 1, para compensar o baixo nível das represas.