Vaca louca: compradores chineses esperam retomada rápida do comércio com Brasil
China importou 500 mil tonaledas do produto brasileiro de janeiro a julho deste ano
Importadores chineses de carne disseram, nesta segunda-feira, que a suspensão das exportações do Brasil, devido a dois casos de doença da vaca louca, não teve impacto imediato no mercado e que alguns ainda fizeram compras antecipadamente crendo em uma rápida retomada do comércio.
O Brasil disse no sábado que confirmou dois casos de doença "atípica" da vaca louca em diferentes estados e suspendeu as exportações para a China como parte de um acordo anterior sobre o assunto com seu principal comprador.
Embora o Brasil tenha uma participação dominante de 40% nas importações de carne bovina da China, os preços não se moveram nesta segunda-feira e alguns importadores ainda estavam em busca de negócios.
"Ainda estamos comprando, as fábricas precisam manter seus estoques", disse Grace Gao, gerente geral da importadora Goldrich International, com sede em Dalian.
Os casos "atípicos" de vacas loucas são considerados de menor risco do que a forma clássica da doença, pois ocorrem de forma natural e apenas esporádica em bovinos mais velhos.
A "clássica" doença da vaca louca, ou encefalopatia espongiforme bovina (BSE), é transmitida por alimentos contaminados e foi associada a uma variante da doença de Creutzfeldt-Jakob em pessoas.
O Brasil suspendeu as exportações por dez dias em 2019, após relatar um caso "discrepante".
"Presumo que o governo chinês não proibirá as importações", disse Pan Chenjun, analista sênior do Rabobank. "O Brasil é muito importante."
A autoridade alfandegária da China não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
O Brasil embarcou mais de 500.000 toneladas de carne bovina para a China de janeiro a julho deste ano, ou 38% das importações totais da China, de acordo com dados da alfândega chinesa, colocando-o bem à frente do segundo fornecedor, a Argentina, que forneceu pouco menos de 300.000 toneladas.
A oferta global de carne bovina está apertada e os preços já atingiram níveis recordes, acrescentou outro grande comprador chinês de carne bovina.
“Se durar apenas 15 dias, não haverá impacto. O Brasil continua produzindo, e leva dois meses para embarcar carne para cá”, acrescentou, recusando-se a se identificar porque não tem permissão para falar com a mídia.
Enquanto as importações chinesas de carne suína estão caindo devido à recuperação da oferta doméstica, a demanda chinesa por carne bovina continua crescendo.
A Irlanda, um fornecedor menor de carne bovina para a China, relatou um caso de doença "atípica" da vaca louca em maio do ano passado. Ainda não conseguiu retomar as exportações.