Dados da Confederação Nacional de Seguradoras (CNSeg) mostram que nos primeiros seis meses de 2021, o seguro de vida arrecadou R$ 10,9 bilhões em prêmios
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Dados da Confederação Nacional de Seguradoras (CNSeg) mostram que nos primeiros seis meses de 2021, o seguro de vida arrecadou R$ 10,9 bilhões em prêmios

A pandemia despertou em muitos brasileiros o medo de deixar a família desamparada ou precisar de apoio e não ter. Por isso, a procura pelo seguro de vida aumentou. Dados da Confederação Nacional de Seguradoras (CNSeg) mostram que nos primeiros seis meses de 2021, o seguro de vida arrecadou R$ 10,9 bilhões em prêmios, uma variação de 19,3% em relação ao mesmo período do ano passado.

No Rio de Janeiro, o movimento foi semelhante. De acordo com o Sindicato das Seguradoras do estado, entre junho de 2020 e de 2021, houve um crescimento de 17,4% na arrecadação de prêmio (valor pago pelos segurados).

A autônoma Bruna Coutinho, de 39 anos, foi uma das consumidoras que buscou a garantia. Solteira e sem filhos, sua maior preocupação era ser acometida por uma doença, ficar sem trabalhar e não ter reservas financeiras. Por isso, optou por uma cobertura contra invalidez, mas que também dispõe de indenização por morte e previdência privada.

— Como está difícil encontrar trabalho com carteira assinada, acho que hoje ter um seguro de vida é tão importante como ter um plano de saúde. Fiz um planejamento financeiro e pago R$ 300 por ele todo mês — conta.

O diretor do Sindicato das Seguradoras do Rio de Janeiro e Espírito Santo, Ronaldo Marques, diz que a pandemia mostrou que o melhor caminho é prevenir, o que também vale para o setor de seguros. Apesar disso, opina que o brasileiro ainda tem o hábito de deixar para resolver algumas questões em cima da hora ou quando precisa, e isso impacta diretamente na tomada de decisão de adquirir um produto.

— Por um raciocínio lógico, a pessoa mais jovem tem uma sensação de maior longevidade e acaba por adiar essa preocupação. Mas a pandemia alterou essa percepção porque o vírus não escolhe faixa etária. Certamente, agora e por isso, em toda idade, haverá uma procura maior por essa proteção de um seguro de vida — opina: — A rigor, quando mais cedo a pessoa contratar, menor será o preço porque o risco é menor.

O CEO da Wiz, gestora de canais de distribuição de seguros e produtos financeiros, Heverton Peixoto, alerta que é preciso ficar atento às letrinhas miúdas do contrato. A maioria dos seguros de vida, até então, não oferecia coberturas para pandemias, como é o caso do coronavírus. Segundo ele, quando as primeiras seguradoras se posicionaram sobre cobrir, virou uma tendência e outras tiveram posturas parecidas.

— O cuidado que se tem ao contratar um seguro precisa ser redobrado quando se trata de um seguro de vida, porque é uma escolha de longo prazo. O cliente vai seguir pagando o mesmo contrato por 30 anos. Então, ele precisa confiar em seguradoras estáveis e sólidas — aconselha.

Um dos problemas mais comuns, de acordo com a Confederação Nacional das Seguradoras, é pensar que está protegido, sem estar. Isso acontece quando, por exemplo, o segurado esquece de informar uma doença preexistente à operadora. Por isso, é recomendável ter o suporte de um corretor de confiança na contratação. Em caso de transtornos, o cliente pode acionar o serviço de atendimento ao cliente (SAC) e a ouvidoria da seguradora; ou, ainda, a Superintendência de Seguros Privados(Susep).

Contratação com baixos valores

Embora o seguro de vida ainda esteja bastante associado ao falecimento de alguém, essa modalidade também pode ser usada durante a vida: há planos diferenciados que protegem em momentos de doença, desemprego ou acidente. E, hoje, é possível contratar um seguro por valores pequenos, com coberturas básicas. O Santander, por exemplo, tem em seu portfólio uma opção com cobertura de morte por acidente ou doença e assistência funeral a partir de R$ 15 mensais. Durante a pandemia, a instituição notou crescimento de 35% na busca pela garantia e viu o perfil do cliente mudar — clientes mais jovens e com menor renda passaram a se interessar.

O Bradesco Vida e Previdência, por sua vez, que observou aumento de 15,8% nas contratações de seguro de vida na comparação entre os primeiros semestres de 2020 e 2021, tem ofertas básicas a partir de R$ 5 por mês. A maioria dos clientes da empresa tem entre 30 e 60 anos e possui dependentes.

— No momento, o produto mais procurado no seguro de vida são coberturas de morte, doenças graves, invalidez e assistência funeral. Mas vale notar também o aumento do Seguro Prestamista, que garante a quitação de prestações em caso de desemprego involuntário, invalidez ou morte. Na Bradesco Vida e Previdência, a evolução dessa modalidade foi de 14,4% no primeiro semestre — conta Bernardo Castello, diretor da Bradesco Vida e Previdência.

A superintendente de seguros de vida da BB Seguros, Karina Massimoto, diz que na instituição houve crescimento de 55% do seguro de vida no primeiro semestre de 2021, em relação ao mesmo período do ano passado, sendo que o impulso foi dado pelos jovens. O plano mais barato sai a partir de R$ 9,90 por mês.

— O que vemos é, sobretudo, uma mudança de mentalidade entre jovens, que agora enxergam o seguro como algo importante. O público com até 20 anos cresceu em notáveis 118%. Na faixa de até 25 anos, o crescimento foi de 101%. E na faixa de até 30 anos, o impulso foi de 81% — revela Karina.

Na seguradora digital IZA, o pagamento de R$29,90 por mês garante proteção financeira de até R$30 mil para atendimento médico, hospitalar e odontológico; incapacidade temporária; invalidez permanente; e morte. Ainda há um crédito extra de R$ 5 mil para assistência funeral. De acordo com o CEO da empresa, Gabriel de Ségur, o público é composto principalmente por profissionais autônomos, prestadores de serviço ou trabalhadores no modelo CLT que gostariam de não depender somente do INSS.

Alta também nos sinistros

O volume de indenizações pagas a participantes e beneficiários de seguros de vida também apresentou alta: no primeiro semestre deste ano, as empresas destinaram R$ 5,9 bilhões a segurados, entre contratos individuais e coletivos, o que representa crescimento de 95,8% em relação a igual período de 2020.

O diretor territorial da MAPFRE para o Estado do Rio de Janeiro, Elson Azevedo Junior, explica que o segurado pode nomear qualquer pessoa como beneficiário do seguro, em caso de morte, e que pode fazer mudanças a qualquer momento durante a vigência do contrato. Caso não faça essa indicação, a regra é indenizar os herdeiros legais. É importante, no entanto, deixá-los avisados para que busquem a seguradora e recebam a quantia.

No geral, a carência para cobertura de morte costuma ser de, no mínimo, seis meses. Já para pagamento do prêmio ao próprio cliente, nas demais situações cobertas pelo seguro, na maioria das vezes, não há carência.

— É importante checar essas informações com o seu corretor na hora da contratação. No caso do produto Vida do Seu Jeito, as novas contratações por clientes com ciclo de vacinação completo, a carência para a cobertura básica de morte em caso de falecimento por Covid-19, diminuiu de 90 para 30 dias, a partir do início da vigência do seguro — observa Carlos Eduardo Gondim, diretor de Vida e Previdência da Porto Seguro.

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