Taxa de desemprego tende a permanecer elevada em 2022, diz pesquisa
Relatório de Acompanhamento Fiscal da Instituição Fiscal Independente (IFI) aponta que o desemprego seria de 20,7% se muitas pessoas não tivessem parado de procurar uma ocupação
O Banco Central (BC) divulgou na sexta-feira (13) o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br)
, conhecido como uma "prévia do PIB" (Produto Interno Bruto), registrou um pequeno crescimento de 0,12% no segundo trimestre deste ano, o que mostra lentidão na retomada econômica e indica um mercado de trabalho com ritmo de contratação desacelerado em 2022, sem contar a imprevisibilidade com novas variante da pandemia de Covid-19.
Segundo o Relatório de Acompanhamento Fiscal da IFI (Instituição Fiscal Independente), ligada ao Senado, o desemprego estaria em 20,7% caso a taxa de participação fosse mantida no nível pré-pandemia.
A taxa de participação é a relação entre o número de pessoas empregadas e o número de pessoas em idade de trabalhar e atingiu 57,3% no trimestre encerrado em maio.
Dados da Pnad Contínua, divulgada nesta sexta-feira (30) pelo IBGE, mostram que falta trabalho para 32,9 milhões de brasileiros . É a chamada mão de obra "desperdiçada", pois engloba desocupação, subocupação e a desistência da procura por trabalho.
Além disso, o estudo afirma que se as contrações não avançarem a um ritmo expressivo, suficiente para absorver as pessoas que estão retornando da pandemia, a tendência é que a taxa de desemprego permaneça em patamares historicamente elevados.
Informalidade
Com base na PNAD Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), o estudo mostra que o avanço na taxa de ocupação só foi possível graças ao aumento da informalidade.
"Os números mostram aumento de trabalhadores informais (de 32,3 milhões no trimestre encerrado em maio de 2020 para 34,7 no trimestre encerrado em maio de 2021 e variação de 7,5%), com destaque ao avanço do número de pessoas ocupadas por conta própria. O número de pessoas nessa posição passou de 22,4 milhões para 24,4 milhões (alta de 8,7%). A título de comparação, o número de trabalhadores formalizados sofreu redução de 3,1% nessa base de comparação (passando de 53,6 milhões para 51,9 milhões)."
Mesmo assim, a população ocupada ainda é 6,8% menor que em fevereiro de 2020, patamar pré pandemia. Segundo a IFI, em maio o Brasil possuía 86,7 milhões de pessoas ocupadas.
Variante Delta
A projeção vê a variante Delta do novo coronavírus como um dos fatores que atrasará a retomada não só no Brasil, como no mundo. O contágio acelerado da nova variante afeta a análise de risco de mercados emergentes e frustra recuperação econômica de países como a China e os EUA
"A disseminação da variante Delta do novo coronavírus tem produzido aumento no número de infecções e forçado governos nacionais a tomar novas medidas de restrição à circulação de pessoas, o que afeta a atividade econômica. Trata-se de um fator de risco para o Brasil, daí porque as projeções para o ano que vem, como discutido no Contexto Macroeconômico, têm diminuído, conforme o Boletim Focus do Banco Central ", afirma.
O ritmo de vacinação no Brasil, apesar de estar em ascensão, ainda preocupa por não ter imunizado completamente nem 25% da população total, longe do ideal para a retomada do índice de atividade econômica.
"Mesmo com o avanço da campanha de vacinação no Brasil, o percentual de pessoas completamente imunizadas (22,7%) encontra-se ainda distante do nível considerado seguro ou ideal, fato que pode afetar a normalização do sistema produtivo em meio à disseminação de variantes mais infecciosas
do coronavírus. É válido pontuar que alguns países com taxas de vacinados mais elevadas voltaram a registrar aumento de casos pela variante Delta. Nesse sentido, o ritmo de expansão do comércio mundial, que beneficiou a economia brasileira ao longo do ano, pode ser também atenuado", completa.