Criminosos estão aproveitando vendas pela internet para aplicar golpes
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Criminosos estão aproveitando vendas pela internet para aplicar golpes

Comprar on-line exige cuidados, mas vender também. O número de golpes usando como trampolim as plataformas que permitem ao internauta adquirir e anunciar produtos se multiplicam. Na maioria dos casos, os criminosos usam o anúncio feito on-line como ponto de partida para buscar um contato paralelo com o vendedor.

São duas as fraudes mais frequentes: uma é a tentativa de clonar o WhatsApp, alegando problemas no pagamento. A outra é burlar o sistema para receber o produto sem desembolsar um tostão, o que o vendedor só vai descobrir tarde demais.

Foi o que aconteceu com a enfermeira carioca Fabrícia Ribeiro, que caiu num golpe apesar de não ser estreante no Mercado Livre:

"Anunciei meu celular, logo em seguida recebi um e-mail, idêntico visualmente ao do Mercado Livre, alegando problemas e me enviando os dados do comprador para o envio do celular para São Paulo, tinha até o telefone de contato da pessoa. Só me dei conta do golpe quando o produto chegou lá e não recebi nada. Procurei a plataforma, mas me disseram que deveria ter ficado atenta ao domínio do e-mail. Conclusão: perdi R$ 700", lamenta.

A paulista Graziely Basílio, analista de marketing, salvou a irmã Gabriely, de apenas 18 anos, de cair num golpe. A jovem tinha anunciado uma TV 32 polegadas na OLX e recebeu uma mensagem de um pretenso interessado perguntando se seria possível fazer a mesma oferta no Mercado Livre, pois gostaria de usar outra forma de pagamento

E assim Gabriely fez. Logo em seguida, mandaram a ela um e-mail, com a identidade visual idêntica à da plataforma, informando que a compra havia sido bloqueada e pedindo dados pessoais e bancários para que pudessem fazer o pagamento. Foi nesse momento que Graziely entrou no circuito:

"Passei a fazer contato com o comprador, logo me dei conta que devia ser um golpe pelo número de dados que pediram. Minha tia já tinha sofrido uma tentativa semelhante, foi a nossa sorte, pois o contato é muito persistente e amigável. Falei para minha irmã fazer um boletim de ocorrência e escrevi como forma de alertar outras pessoas", diz Graziely, acrescentando que continua a receber mensagens.

Nada de passar dados

A advogada Renata Ruback, da Comissão de Defesa do Consumidor da OAB-RJ, diz que Graziely agiu corretamente. Nunca se deve preencher formulários com dados pessoais, como nome, RG, CPF, data de nascimento e, especialmente, dados bancários, antes de checar e constatar a autenticidade da plataforma.

"Deve-se dar preferência aos meios de pagamentos seguros usualmente disponibilizados plataformas. Além disso, o vendedor deve esperar a compra ser aprovada pela plataforma e não cair em qualquer pressão para envio da mercadoria", afirma.

No caso da médica veterinária paranaense Elaine Marques, a ligação aconteceu dez minutos depois do anúncio entra no ar:

"A pessoa dizia que era da OLX e que estavam reclamando que eu não respondia ao anúncio. Disse que eu receberia um número por mensagem de texto para liberar meu acesso ao WhatsApp. Recebi a mensagem, não passei o número e desliguei. Desconfiei", conta.

O químico Robson Kertelt chegou a cair no golpe, mas se deu conta ainda a tempo:

"Recebi ligações alegando que a publicação foi clonada, pedindo um código que seria enviado pelo WhatsApp para desbloquear a transação. Assim que passei o código, veio a desconfiança e entrei nas políticas da OLX e vi que eles não fazem ligação. Na hora, ativei a dupla verificação do WhatsApp e não puderam clonar", diz Kertelt.

A advogada Claudia Silvano, diretora do Procon Paraná, diz que, antes de fazer qualquer anúncio em plataforma, o internauta deve se informar sobre os termos de uso do site.

"Isso é fundamental para saber se são feitos contatos por telefone, que tipo de informação são coletadas. Qualquer contato paralelo à plataforma deve ligar um sinal de alerta de fraude".

Usuário deve denunciar

É imprescindível, no entanto, diz, que as empresas alertem em suas páginas sobre os riscos de golpes:

"Esse alerta é fundamental. É preciso ter atenção, pois nesse tipo de fraude é muito difícil reaver o prejuízo", afirma Claudia.

A OLX diz investir em tecnologia e serviços de orientação ao usuário, como manter as conversas no chat da plataforma, não deixar o número de telefone nos anúncios, evitar intermediários e não fazer entrega sem a confirmação do pagamento. A plataforma esclarece que não solicita validação com código de segurança nem informações que permitam acesso à conta dos usuários via chat, telefone, SMS, WhatsApp ou redes sociais.

O Mercado Livre também orienta a verificação do status da venda na área "Minha Conta", disponível no site, antes de envio do item. E recomenda que o pagamento seja feito via Mercado Pago, coberto pelo Compra Garantida. A plataforma reforça que dados de contato, como e-mail e celular, não devem ser informados a outros usuários diretamente.

OLX e Mercado Livre orientam a leitura dos termos de uso e solicitam que descumprimentos sejam denunciados.

O WhatsApp recomenda a ativação da confirmação em duas etapas, que possibilita o cadastro de e-mail e PIN de seis dígitos. E ressalta que o PIN, assim como o código de verificação enviado por SMS, não deve ser compartilhado.

Confira as orientações dos especialistas

  • Antes de comprar ou anunciar leia os termos de uso;
  • Todo o processo de compra e venda deve ser feito pela plataforma. Tentativas de contatos paralelos são alerta de risco de fraude;
  • Não forneça telefone ou e-mail a pretenso comprador;
  • Não preencha formulários com dados pessoais, como nome, RG, CPF, e, dados bancários, antes de checar a autenticidade da plataforma;
  • Dê preferência às formas de pagamento oferecidas pelas plataformas que costumam ter garantia;
  • Não envie o produto antes e confirmar o pagamento;
  • As empresas não costumam telefonar ou pedir códigos enviados por WhatsApp;
  • Denuncie à plataforma caso suspeite de irregularidade;
  • Lembre-se: em caso de fraude é difícil rever o dinheiro.

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