O ministro da Economia, Paulo Guedes , participou das articulações que levaram à reforma ministerial que irá colocar no comando da Casa Civil o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI) . Atendendo a um pedido do presidente Jair Bolsonaro , Guedes aceitou perder a Secretaria de Trabalho e Previdência para melhorar as relações do governo com o Senado e garantir um ambiente favorável à aprovação das reformas . A manobra também preserva, por ora, outras duas áreas importantes da pasta: Planejamento e Indústria , cobiçadas por partidos do Centrão .
Guedes e outros ministros com trânsito no Congresso vinham recebendo recados de que a relação com os parlamentares se desgastou nas últimas semanas, pondo em risco a pauta que o Ministério da Economia pretende aprovar neste ano, como a reforma tributária , privatizações e a reforma administrativa.
A equação aprovada pelo presidente Jair Bolsonaro prevê a transferência de Luiz Eduardo Ramos da Casa Civil para a Secretaria-Geral da Presidência da República, esta última ocupada hoje por Onyx Lorenzoni. Fiel aliado de Bolsonaro nas eleições de 2018, Onyx não perderá o status de ministro e deverá assumirá a pasta de Emprego e Previdência.
Quando assumiu o ministério, Guedes abarcou Fazenda, Planejamento, Indústria, Trabalho e Previdência. Desde que o Centrão se aproximou do governo, são constantes os pedidos ao presidente Bolsonaro de que as áreas da Indústria e do Planejamento no Ministério da Economia sejam desmembradas e comandadas por partidos aliados do governo. Guedes, porém, não abre mão dessas duas secretarias.
No caso da Indústria, o governo está tocando uma agenda de abertura comercial, considerada importante para a retomada do crescimento do país. A pessoas próximas, Guedes repete que a recriação desse ministério irá atrapalhar o desenvolvimento econômico. O ministro acredita que o antigo Ministério da Indústria era uma “casa de lobby” e travava o andamento de pautas importantes.
Já o Planejamento, que tem poderes sobre o Orçamento, sempre foi alvo de conflitos com a Fazenda e com o Congresso. Aliados da base do governo criticam o fato de Guedes concentrar em seu ministério decisões estratégicas como investimentos públicos e medidas fiscais.
Por isso, perder Trabalho e Previdência não foi considerado um grande prejuízo para Guedes, sobretudo diante da perspectiva de melhorar as relações com o Congresso.
Antes de ceder um naco do ministério, Guedes pediu para Bolsonaro manter seu atual secretário de Trabalho e Previdência, Bruno Bianco, como secretário-executivo da nova pasta.
O objetivo de Guedes é manter as suas políticas para trabalho, como o programa de geração de emprego que está sendo construído. Para o ministro, não é tão grave perder essa parte do seu ministério, pois a reforma da Previdência já foi feita. Ele também entende ser necessário melhorar a relação com o Senado.
Guedes chegou a aconselhar Bolsonaro colocar um político na Casa Civil para ajudar a deslanchar no Congresso os projetos da equipe econômica. O ministro da Economia chegou a sugerir os nomes de Rogério Marinho, atual ministro do Desenvolvimento Regional, e de Gilberto Kassab, presidente do PSD. Mas Bolsonaro disse que seria mais estratégico colocar um general no cargo. Após convidar o senador Ciro Nogueira (PP-PI) para assumir a pasta, o presidente mudou de ideia.