Os credores da rede de lojas Leader (antiga Leader Magazine) aprovaram na noite desta quarta-feira (27) o plano de recuperação judicial da varejista após um longo processo de negociação. O cronograma condiciona parte dos pagamentos ao faturamento da empresa e estipula carência de quatro anos para a maior parte dos credores.
O plano de recuperação judicial foi aprovado por todas as classes de credores (trabalhistas, credores sem garantia real e pequenas empresas), embora haja entre grandes detentores de créditos ceticismo quanto à capacidade da Leader de conseguir viabilizar seu modelo de negócios.
A dívida da rede de vestuário é de R$ 1,2 bilhão , e a maior parte dos débitos é com instituições financeiras . A Leader tem 90 lojas de roupas e artigos de cama, mesa e banho em nove estados, e vive uma crise há pelo menos cinco anos, segundo pessoas familiarizadas com o negócio.
A empresa está em regime de proteção contra a falência desde março de 2020 e, em novembro do ano passado, conseguiu que o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro lhe desse mais seis meses para apresentar um plano aos credores. l
O modelo de negócio da Leader, ancorado em vendas de artigos à classe C em lojas físicas, tem sofrido forte retração em meio à pandemia do coronavírus, que forçou um crescimento acelerado de vendas no varejo digital.
A avaliação de grandes credores foi de que a falência da empresa agora resultaria em perda quase total dos valores a receber, já que as lojas da Leader são alugadas. Os ativos se resumem, em boa medida, a roupas e móveis, de acordo com um representante de grandes credores no processo.
O documento aprovado prevê o pagamento das dívidas trabalhistas em até um ano depois da homologação do plano para quem tiver de receber até 300 salários mínimos (cerca de R$ 313 mil em valores atuais).
Os credores financeiros começarão a receber os pagamentos após carência de quatro anos. Do total a ser pago, 20% será pago em 12 parcelas anuais até 2036 com juros de 2% ao ano mais TR, hoje zerada. A partir de 2036, outros 30% só seriam pagos se houver faturamento excedente, sendo destinados 4% dessa receita da Leader ao ano para o pagamento das dívidas.
O plano condiciona o pagamento dos 50% restantes a distribuição de dividendos, venda da empresa ou IPO (abertura de capital).