Contribuintes que pagaram mais impostos que deveriam ao longo de 2020 têm direito, por meio da declaração do Imposto de Renda 2021 , de receber uma restituição . Os valores serão pagos em cinco lotes, a partir de 31 de maio, diretamente na conta indicada. Antes que o depósito se perca no meio dos gastos do dia a dia, é preciso entender sua situação financeira para definir o uso mais inteligente desse dinheiro extra.
A analista de investimentos da Suno Research, Gabriela Mosmann, diz que é preciso ter cautela e não fazer nenhum gasto contando com a verba futura. Caso a Receita Federal encontre alguma inconsistência nas informações prestadas, pode levar o indivíduo à malha fina e travar o recebimento da restituição.
"O ideal é só usar os recursos assim que eles estiverem disponíveis para evitar despesas desnecessárias ou compras por impulso. Como utilizar a restituição vai depender da realidade de cada um. Mas, aproveitar esse dinheiro extra para organizar as finanças é uma decisão certeira", comenta Gabriela.
O professor de economia da Universidade Veiga de Almeida (UVA), Oswaldo Mello, concorda. Ele aconselha quitar as dívidas em aberto , principalmente com cartão de crédito e cheque especial por causa das altas taxas de juros cobradas.
"Os juros do cheque especial e do cartão de crédito médios no Brasil são respectivamente: 6,55%a.m e 11,93%a.m, segundo o Banco Central. Portanto quem tiver valor a restituir e pensar de forma racional deverá liquidar imediatamente seus débitos nestas linhas, livrando-se assim do dissabor destas taxas exorbitantes", afirma.
A quem está com as contas em dia, o professor sugere guardar a quantia como reserva de emergência para imprevistos futuros . Mello argumenta que o momento econômico, com PIB de apenas 3,14% projetado para 2021 e uma recorrente pressão inflacionária, requer cautela.
Baratear o financiamento
Para quem tem imóvel financiado é vantajoso usar o dinheiro da restituição para fazer uma amortização, ou seja, pagar uma parte do saldo devedor. Assim, o mutuário pode reduzir de forma considerável tanto o valor do financiamento, quanto o prazo de pagamento.
É possível escolher entre duas opções: reduzir o valor das prestações e manter o prazo de financiamento ou reduzir o prazo que falta no financiamento, mantendo os valores das parcelas a serem pagas. Do ponto de vista financeiro, essa última alternativa e mais interessante porque tem impacto nos juros cobrados e, consequentemente, reduz o saldo total devedor.