Pathrícia Rahyanne Cardoso, 41 anos, é um daqueles casos de "volta por cima". A brasiliense atravessou uma separação conturbada, problemas psíquicos pessoais e dos filhos, enfrentou uma doença autoimune e venceu a morte. Agora, é a dona e fundadora da única escola de desenvolvimento de games , a MK+ Academy .
Antes de se envolver com o empreendedorismo , Pathrícia casou-se cedo, aos 16 anos, em 1998. Em 2012, pôs fim ao casamento de quase quinze anos. Durante o divórcio , entretanto, uma manobra judicial fez com que o marido ficasse com todos os bens conquistados pelo casal. Ela teve que voltar para a casa dos pais.
Ingressou na faculdade de direito, mas teve dificuldades de se manter. Para não trancar o curso, encontrou uma maneira de financiar a superação : a venda de bombons. Depois passou a fazer sanduíches para os colegas e, em seguida, para comércios.
Recomeço
Nos anos seguintes, ela se formou e conheceu o atual marido e sócio. Tinham um novo projeto. A gravidez do quarto filho parecia um novo começo. Entretanto, Pathrícia passou a sentir uma fraqueza muscular súbita nas pernas.
"Comecei sentindo uma dormência nos pés, em uma quinta-feira. De sexta para sábado, já havia anestesiado muito fortemente até o joelho", conta a empresária. "A dormência foi subindo, junto com uma tremura nas pernas, e eu não conseguia parar em pé e andar". Era a Síndrome de Guillain-Barré .
Em 15 dias, ela não conseguia mais nem engolir a própria saliva e já precisava usar fraldas e ser carregada para as consultas. "Fui levada às pressas para o Pronto Socorro. Fiquei na UTI durante três meses, grávida e sem me mexer. Só mexia os olhos. E o tempo todo eu estava de olhos e ouvidos atentos. Apenas não tinha reação. Eu estava morta dentro do meu corpo", revela, emocionada.
Na recuperação da doença, deu à luz ao seu filho mais novo, Enzo Gabriel, que hoje tem três anos. Hoje está plenamente recuperada. Mas na retomada à vida normal, teve de enfrentar mais um desafio: seu filho do meio, de 15 anos, que convivia com a depressão.
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Oportunidade
Criança reclusa, seu filho preferia jogar videogame a brincar com outras crianças. Na adolescência, não perdeu o gosto pelos games, mas a falta de sociabilidade, mesmo dentro da própria família, passou a preocupar a mãe e o padrasto.
Foi diagnosticado com depressão. Para contornar o problema, Pathrícia o inseriu em todas as atividades que pôde pensar: judô, dança, futebol, natação… Nenhuma resolveu. No consultório psicológico que atendia a família, a empresária teve que engolir uma verdade inconveniente. "O problema é você", disse a psicóloga.
Não foi fácil lidar com o prognóstico, conta a mãe. Mas uma nova porta se abriu. Em vez de tolher a aptidão do filho para os games, Pathrícia decidiu controlá-la. Se aprofundou na educação digital e percebeu que o caso de seu filho poderia ser o de muitos jovens do Brasil. Logo, idealizou a MK+ Academy, a primeira e única rede de desenvolvimento de jogos e educação digital do Brasil.
O projeto ocupou um espaço que precisava ser preenchido no mercado nacional e rapidamente rompeu as fronteiras do Distrito Federal e se espalhou para o restante do país. Com aulas de programação , design, e animação, a rede é hoje uma das referências na área e um espaço de convívio para crianças e adolescentes com aptidões que “não existiam na geração anterior”, descreve a empresária.
"Essa nova geração é autodidata, articulada, 100% digital. Não tem porque tentar forçar eles a viver no mundo em que nós [adultos] fomos criados", diz a empresária, que ressalta:
"Se os pais perceberem que seus filhos tem aptidão para tecnologia e desenvolvimento digital, eles têm mais é que incentivar a criança mesmo, esse é que é o mercado do presente e do futuro. Mas é claro que devem existir limites e controles, para o potencial não ser desperdiçado, né?".
Pathrícia avalia a nova Base Curricular Comum , sancionada em 2017 pelo governo de Michel Temer, como favorável para a renovação da Educação Brasileira. A medida prevê uma nova metodologia de ensino, com conteúdos adaptados às necessidades do mercado e da sociedade atual.
A empresa está em fase de negociação com redes de ensino público e particular, de modo a acelerar a digitalização do ensino .