Nesta quinta-feira, o presidente Jair Bolsonaro terá seu terceiro encontro com empresários este mês. Desta vez, no entanto, estarão presentes apenas executivas e lideranças femininas , os dois anteriores foram com um público masculino. Participarão do evento, promovido pelo Grupo Voto , 40 executivas, as ministras Tereza Cristina (Agricultura), Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos) e Flávia Arruda (Secretaria de Governo), além da primeira-dama, Michelle.
"A gente teve ideia de fazer este evento em função dos últimos dois eventos que o presidente fez aqui em São Paulo, onde os anfitriões convidaram apenas líderes empresariais homens. Como estamos no século XXI, acreditamos que não cabe mais esse tipo de barreira para as líderes empresariais femininas", disse Karim Miskulin, organizadora do evento e presidente do Grupo Voto.
O governo Bolsonaro tem se esforçado para demonstrar que continua com interlocução e apoio do setor empresarial e financeiro. Esse movimento aumentou depois de empresários e economistas terem feito apelos públicos por medidas mais rígidas contra a pandemia e pelo avanço da vacinação.
Ainda assim, nos encontros de abril, um jantar na casa de Washington Cinel, da Gocil, e uma conferência remota com a Fiesp, a maior parte dos convidados já tinha manifestado algum tipo de apoio ao governo.
Relacionamento direto
Para Karim, a pandemia mostrou que foi fundamental a liderança das mulheres para criar grupos “como de arrecadação de verbas, de cestas básicas, de promoção de projetos que pudessem levar algum alento para as comunidades que mais sofreram do ponto de vista econômico”. Ela lembrou que, em todo o mundo, as lideranças femininas se destacaram na crise sanitária e tiveram protagonismo.
O que a gente tenta fomentar é que as mulheres consigam romper com esta barreira de relacionamento direto com o poder público, disse Karim.
Ela defende que as mulheres tenham uma comunicação direta com líderes políticos de todos os poderes e esferas, lembrando que a representação feminina, tanto no governo como no comando das empresas, ainda é muito baixa.
A lista das 40 convidadas ainda está sendo fechada, mas, segundo Karim, contará com representantes de empresas como GM, Carrefour e Santander. O GLOBO não conseguiu a confirmação, junto às empresas, de quais executivas participarão do almoço com o presidente.
Ficarão de fora, no entanto, alguns nomes fortes na liderança empresarial feminina. Como Luiza Helena Trajano, do Magazine Luiza, que criou o grupo Mulheres do Brasil e que tem atuado também no grupo Unidos pela Vacina, que busca contribuir para acelerar a imunização no país.
"Ela agradeceu o convite, mas explicou que já tinha um outro compromisso. A gente acabou fazendo os convites bem em cima da hora, mas claro que ela foi chamada sim, ela é um ícone para nós", disse Karim.
Fazendo pontes
O Grupo Voto, que publica a Revista Voto, foi criado no Rio Grande do Sul há 17 anos e tem como missão “construir uma relação saudável entre os setores público e privado” para ajudar a encontrar caminhos para o Brasil. Fontes empresariais afirmam que em muitos aspectos ele se assemelha ao Grupo Lide, do governador João Doria (PSDB), que se notabilizou fazendo encontros entre empresários e autoridades. Ano passado, o Grupo Voto teve um almoço com Bolsonaro.