Nesta quarta-feira (7) a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores ( ANFAVEA ) divulgou o resultado do setor no mês de março . A produção de veículos registou alta de 1,7% em relação ao mês passado, e de 5,5% na comparação com o mesmo mês do ano passado.
No acumulado do trimestre, foram produzidos 597, 8 mil veículos , aumento de 2% em relação aos três primeiros meses do ano passado.
O presidente da associação, Luiz Carlos Moraes, disse que parte do resultado positivo se deve ao aumento no processo de digitalização, por meio de licenciamentos online e vendas pela internet.
"Foram produzidos 200,3 mil veículos no mês passado , apesar das paradas que começaram por volta do dia 25 de março conseguimos fechar com um número interessante de produção. Além disso, as empresas conseguiram fechar produtos que estavam dependendo de peças para serem finalizados", acrescentou o presidente.
Quanto ao número de empregos do setor, o índice se manteve estável em relação ao mês passado. Mesmo assim ele fez uma ressalva, lembrando que "tem gente em Brasília que está preocupada com a eleição, e não com os empregos".
Paralisação das montadoras
O resultado vem na esteira da suspensão de duas semanas nas atividades das montadoras para conter o avanço da pandemia. Além do risco à saúde dos funcionários, a pandemia também está causando atraso no recebimento de peças, produtos e serviços e retardando a cadeia produtiva.
"As cidades decidiram fechar, e as empresas usaram o tempo para ajustar a produção, elas conseguiram reunir as peças atrasadas e respeitar as decisões das cidades", disse Luiz Carlos. "No final de abril todas as empresas já devem ter voltado a produzir", completou.
A ANFAVEA, no entanto, reforçou a necessidade da ampliação do programa de vacinação no âmbito nacional, e reforçou que as montadoras tem ajudado com veículos, transporte e doações ao sistema de saúde.
Preocupações
O presidente fez questão de ressaltar que a taxa de câmbio alta como está é preocupante para a indústria, e indica percepção de risco adicional do mercado com relação ao Brasil. A falta de insumos, em especial de semicondutores, e a alta no preço do aço, indicam dificuldades para o setor no horizonte de curto e médio prazo.
Outro ponto levantado foi a alta da taxa de juros (Selic) para 2,75%, que demonstra possível alta da inflação acima do centro da meta. Além disso, o índice de preços da produção acima de 30% também impacta o negócio de automóveis.
O atraso na aprovação final do Orçamento para o ano de 2021 é outro ponto que tumultua o ambiente econômico no Brasil.
Segundo o presidente, "o Orçamento é um problema de gestão. Não foi feito o debate adequado, e fomos surpreendidos com um aumento nas despesas obrigatórias, com espaço para emendas parlamentares, que, a meu ver, é pensando nas eleições de 2022. Isso traz para os agentes econômicos ruídos políticos inaceitáveis".
Exportações
Já em relação à venda de veículos para o exterior, o aumento foi de 11,2% comparado ao mês passado. Foram 36,8 mil veículos vendidos no mês de março, e no acumulado trimestral, 95,8 mil, um avanço de 19,5% com relação aos três primeiros meses do ano passado.
"Dependemos de um exterior mais favorável, mas as empresas tem feito um esforço bastante grande para abrir novos mercados", disse o presidente Luiz Carlos Moraes.