Empresários cobraram a retomada da MP 936 na noite de segunda-feira (22), durante encontro com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), na casa de Washington Cinel, dono da empresa de segurança Gocil, em São Paulo.
Segundo Flavio Rocha, dono da Riachuelo, se o setor varejista não for autorizado a fazer a redução de jornada de trabalho e salários , pode haver uma "onda de demissões devastadora" .
"Estamos com água no nariz. É preciso que o governo reedite a MP 936, e os sindicatos homologuem logo os acordos, sob o risco de termos uma onda de demissões devastadora. É preciso uma definição urgente do governo" disse Rocha ao jornal O Globo .
Além dele, outro representante do setor, o empresário Abilio Diniz, acionista do Carrefour, participou da reunião de forma virtual. Apesar da cobrança pela MP, Rocha disse que vê um alinhamento no Congresso em torno das pautas mais urgentes para o Brasil.
Na segunda-feira, empresas associadas ao Instituto para Desenvolvimento do Varejo (IDV) , que reúne, além da Riachuelo, varejistas como Lojas Americanas, Magazine Luiza, manifestaram preocupação com a possibilidade de demissões em massa no país com o lockdown em diversas cidades, com fechamento de lojas, e a lentidão do governo em reeditar o Programa Emergencial de Manutenção do Emprego, criado através da MP 936, e encerrado em dezembro de 2020.
Em nota, o presidente do IDV, Marcelo Silva, afirmou que "a despeito de todo o empenho da equipe técnica do Ministério da Economia, a Medida Provisória precisa ser publicada com urgência para evitar medidas extremas, como demissões no varejo, agravando ainda mais a crise de empregos no país. Por isso, necessitamos de urgente sensibilidade para a publicação da MP".
Rocha disse que, além da preocupação com os empregos, também foi discutida a vacinação contra a Covid-19 no país e como o setor privado poderia ajudar.
O dono da Riachuelo observou que ficou uma impressão muito ruim para a opinião pública de que os empresários queriam comprar vacinas, imunizar seus funcionários e furar a fila dos grupos prioritários no país, quando foram tornadas públicas, em fevereiro, iniciativas do tipo.
"Estamos numa guerra biológica e econômica. É preciso que os recursos escassos (as vacinas) sejam divididos entre todos, idosos, crianças e 'quem está com o fuzil na mão' na linha de frente da guerra econômica", afirmou o empresário.
"A iniciativa privada gostaria de adicionar novas doses de vacinas, com a contrapartida de doar uma parte delas (ao SUS). Mas fomos convencidos, neste momento, que não há onde buscar vacinas. Se fossem abertas novas frentes de comercialização, haveria um leilão de preços", concluiu Rocha.